Getúlio Vargas, 2087: O ENCONTRO!
Amigos, no sábado, 25 de agosto de 2012, fui à casa da Dona Marilda, na Getúlio Vargas, 2087, assistir à partida Clube Atlético Paranaense 2×1 Paraná. Fui a convite da própria Dona Marilda, esposa de um sortudo e simpático José Luiz. Aos poucos, vou lhes apresentando a Família.
Começarei pela Matriarca, Dona Ilda (mãe, avó e bisavó), que, aos 96 anos, é a expressão perfeita da doçura materna. E nem mesmo o fato de ela ser coxa faz diminuir em mim o afeto e a admiração: as Mães podem tudo e a Dona Ilda é Mãe Três Vezes Admirável.
Fui à casa da Dona Marilda, mas não fui sozinho. Levei comigo minha querida Amiga Cirley Loeblein, a Ciça, Conselheira do Clube Atlético Paranaense e, sem dúvida, uma de minhas Amigas mais refinadas, e lindas, e simpáticas, e perfumadas, e elegantes, e são tantas as qualidades dela que, honestamente, nem sei por que a Ciça é minha Amiga. Fui com ela, pois sofro de timidez mórbida e eu, sozinho, chegando à casa da Dona Marilda, seria um desastre. Grande sorte ter a Ciça ao meu lado e eram 15h40 quando enfim chegamos ao número 2087 da Getúlio Vargas.
Ao nosso encontro, vieram Dona Marilda e a sorridente Tereza Cristina (a Titina, filha da Dona Marilda e Mãe do baita Atleticano Rodolpho, este que é noivo da Francielle – a Fran). Vieram ao nosso encontro a Dona Marilda, a figuraça chamada Titina e a Freda – uma bela cachorra de pelos macios, a nova agregada da Família. Mas a Freda não é apenas uma cachorra, não. A Freda tem até Camisa do Atlético. A Freda já tirou foto ao lado do Petraglia…
E aos poucos a Família ia chegando. De repente apareceram a Vanessa (Guga) e o esposo, Paulo. A Vanessa e o Paulo são pais da Yohanna e do Nicholas (namorado da Fabiane, a Fabi). E foi justamente com a Yohanna que começou a história da Bandeira na janela. Vou lhes contar…
Há 20 anos, a Yohanna veio com a ideia de botar a Bandeira Rubro-Negra na janela. Era, naquela altura, uma menininha que mal sabia falar, mas já queria a Bandeira. Não conheço Avó que não atenda aos pedidos dos Netos. Do pedido à sua realização foi um pulo. Vovó Marilda arranjou a Bandeira e disponibilizou a janela.
Só que a Yohanna olhou pra Bandeira e fez mais um pedido: Uma ‘estelinha’, Vovó! Põe na Bandeira uma ‘estelinha’!
À época, o fato é que o Atlético Paranaense não tinha o direito de usar nenhuma estrelinha na Bandeira, mas esse negócio de Regulamento não é coisa que detenha os sonhos das crianças e a criatividade executiva das Vovós. Assim, Dona Marilda foi lá e fez: bordou uma estrelinha prateada na Bandeira.
A Yohanna, que nunca foi boba nem nada, curtiu a ‘estelinha’ preateada, mas foi além: quero a ‘estelinha amalela’, Vovó! Aí Dona Marilda, antecipando-se à História, fez lá uma estrelinha amarela na Bandeira da Yohanna e hoje tá tudo muito certo, pois somos, de fato e de direito, donos das estrelinhas antecipadas pela Dona Marilda a pedido da Yohanna.
Essa é a história do surgimento da Bandeira, mas há outras e uma das mais legais quem me contou foi o José Roberto, filho da Dona Marilda, mais conhecido como Beto, namorado da Janisse (Ô Beto, pare de enganar a moça e case logo com ela, piá!!!).
Pois o Beto me contou que a Yohanna e o irmão Nicholas costumavam bater uma bolinha em frente à casa da Dona Marilda. Isso lá por 1995-1997. Naquele tempo, os principais ídolos da gurizada Rubro-Negra eram: Ricardo Pinto, Paulo Rink e Oséas.
Nos jogos, a Yohanna era o Oséas e o Nicholas era o arqueiro ‘Cara de Pinto’, afinal não dava pra exigir que um piazinho tão pequeno acertasse o pomposo nome de Ricardo Pinto, quase nome de cantor de bolero. Aí o Ricardo Pinto virou ‘Cara de Pinto’ e ponto final.
A Yohanna lá, sendo o Oséas, e o Nicholas fazendo milagres sob as traves na difícil missão de ser o ‘Cara de Pinto’. Só que a admiração da Yohanna pelo Oséas só fazia aumentar e o Tio Beto teve a ideia de levá-la ao Joaquim Américo para entrar no colo do bom baiano numa das partidas do CAP. Ideias que são boas na teoria nem sempre funcionam na prática.
Assim, quando o Tio Beto se aproximou do Oséas – tendo no colo a pequena Yohanna – nossa heroína fez de seus bracinhos uma verdadeira sucuri em torno do Beto e não foi pro colo do Oséas nem sob Decreto. Parece que acabou entrando em campo com o Paulo Rink, afinal de contas esse também era goleador (e um pouco menos feioso).
Salto no tempo e volto de 1997 para este 2012. Na tevê da sala acolhedora de Dona Marilda, Atlético 2×1 Paraná. Grande partida de nosso Furacão. Durante o jogo, o Beto me trouxe, fraternalmente, meia dúzia de cervejas; e comemos bolo, pães de queijo, pipoca, provamos das geleias da Dona Marilda, comemos do pudim de leite, tomamos o delicioso café.
Mais do que isso. Naquela tarde, ouvimos histórias lindas, vividas por gente boa demais, por pessoas que reforçam nossa fé na vida e nossa esperança no ser humano.
Eu e a Ciça saímos de lá com vontade de ficar. Dona Marilda me disse: ‘Rafael, agora você também é meu neto!’
Meus olhos se encheram d’água. Graças aos óculos escuros não fui descoberto. Convém a um homem ser uma rocha, ou aparentar ser uma pedra.
Getúlio Vargas, 2087. A Bandeira Rubro-Negra é uma permanência. Estendida na fachada. A poucos metros da Arena. Eu imaginava tantas histórias lindas acerca daquela Bandeira quando passava por lá. Eu estava certo: naquela Casa todas as histórias são de amor, inclusive amor ao Clube Atlético Paranaense.
Vó Marilda, receba, também, todo o meu amor!
Obrigado por tudo!
Um beijão do seu neto,
Rafael Lemos