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7 out 2012 - 13h41

Não me permito abandonar esse amor

O amor a gente não escolhe. Tem lá um dia que acontece. Você tem seis anos. É 1982. Os caras dizem que o time verde é campeoníssimo. Os números na época não desmentem os caras. Mas você vai lá e vira torcedor do Atlético Paranaense. Os caras não entendem. O amor a gente não escolhe. Três anos depois o tal campeoníssimo ganha um caneco ainda maior. Os caras chegam junto. Você não muda. Dá de ombros. Grande merda esse caneco conquistado com saldo negativo de gols. Um dia meu Atlético Paranaense vai ter um desses. Só que mais dourado. Vocês vão ver. Os caras se riem. Você cai na porrada com os caras. E no outro dia está suspenso das aulas. Apanha em casa também. E passa 16 anos levando porrada e reagindo. Uma noite durou 16 anos. Se eu contar você não me acredita. Eu sobrevivi à noite longa pra na manhã seguinte botar o sol na cara daqueles filhos da puta. O sol era uma estrela amarela na minha Camisa Rubro-Negra. Eu falei pra vocês que o meu caneco ia ser mais dourado. Tá aqui ó: dois dias antes de chegar o Natal. O amor a gente não escolhe. Tem lá um dia que acontece. Aconteceu comigo quando caí de amor pelo Atlético Paranaense. Eu tinha seis anos. Não sabia nem escrever o meu nome. Os caras falavam de um campeoníssimo que não me dizia nada. Alto da Glória pra mim é nome de fantasia do Clóvis Bornay. Baixada! Baixada! Isso sim que é nome de terra prometida, pátria amada, a parte mais sagrada desses oito milhões e meio de quilômetros quadrados que eu amo. O amor a gente não escolhe. Amor ao Clube Atlético Paranaense. Amor ao Brasil. E têm uns caras que desertam. Eu não os entendo. Eu não os perdoo. Eu espero que eles – os desertores – tenham a dignidade de nunca mais voltar. Quem ama não abandona jamais. Jamais! O amor a gente não escolhe. Tem lá um dia que acontece. E o amor não nos dá garantias. O amor não nos dá certezas. Tampouco alegrias duradouras. O amor nos dá uma dúzia de dias inesquecíveis no meio de uma vida inteira de sacrifícios. O amor é o grama de ouro que a gente encontra depois de remover dez toneladas de terra com as próprias mãos. Mas os desertores querem uma vida inteira de alegrias, de sorrisos, de conquistas e prazeres. O futebol não dá isso a ninguém. A Pátria também não. Os desertores exigem muito da vida e nada dão em troca. Os desertores têm muito de parasitas. Parasitas não têm coração. E sem coração ninguém pode amar. Porque o amor tem lá um dia que acontece, mas para isso é preciso haver em nós um coração. Coração é aquilo que há nos homens e não existe nos covardes. Foi no meu coração que o amor pelo Clube Atlético Paranaense bateu em 1982 pra nunca mais ir embora. Eu não permito que esse amor me abandone. Eu não me permito abandonar esse amor.

ATLÉTICO PELA VIDA INTEIRA. ATLÉTICO ATÉ A MORTE E DEPOIS!



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