Elite… que elite, bwana?
Fico incomodado quando vejo a expressão ‘O Atlético está próximo da ELITE!’ do futebol brasileiro.
Soa algo como quem disputa o torneio da série ‘A’ do ‘brasileiro’ é uma ‘elite’ é um ‘nata’. O que também é algo que faz parte do joguinho da imprensinha monopolista verde branca da velha província.
Dentro de uma ótica realista, tal afirmação é uma verdadeira ofensa ao futebol brasileiro e aos atletas que participam das séries ‘B’, ‘C’ e ‘D’.
O ‘brasileiro’ é composto de 4 séries, tendo 20 clubes nas séries A, B e C e um sistema de grupos para a série ‘D’. Então somente para as séries A, B e C são 60 clubes.
Considerando que cada clube possua um plantel médio de 30 atletas, estamos falando em 1.800 atletas disputando o torneio.
Evidente que para que nosso futebol tenha uma evolução para disputar torneios mundiais – eliminatórias, copa do mundo, torneio das Américas, sub-20, sub 17, etc. – é importante que se observe tais atletas. Pois aí está o nosso celeiro de craques e técnicos.
Colocar em um sistema ‘elitizado’ é mediocrizar o futebol. Pois somente atende, tal visão, o interesse de ‘vendedores’ de passes de jogadores vinculados à televisão – e não duvidem são muitos que levam o pixulé pela divulgação do ‘craque da hora’.
Nesse sistema ‘elitizado’ se perde a visão da realidade – basta ver a batida de carteira que levou o Atlético Mineiro na disputa com o clube marcado para levar o título -.
E neste ponto estou falando em folha de pagamento.
Dentro desta visão fico imaginando como é possível contratar e pagar a um jogador toda a bilhetagem – venda de ingressos para os jogos – durante todo o torneio. É inviável e irreal.
Ora, é impossível custear uma folha de pagamento com o dinheiro arrecadado com a bilhetagem dos estádios.
Agora, querer cobrar o preço do Show do Led Zeppelin para ver uma partida de futebol, em estádios sem a menor infra estrutura, sem estacionamentos, com preços absurdos para qualquer coisa que se queira consumir… sinceramente!
Neste ponto o torcedor-consumidor acaba sendo tratado como otário e o pior os clubes que fazem altos investimentos também o são… e o são porquê são roubados em uma disputa de cartas marcadas.
Pior é o atleta que se prepara fisicamente – desde o início da juventude até a aposentadoria -, fica a disposição do clube durante toda a temporada e tem que submeter ao jogo psicológico da arbitragem mal intencionada e ainda sequer é observado se não pertencer a um ‘grande clube’ ou jogar em um ‘grande centro’.
Então, cuidado ao usar a palavra ‘elite’… acredito que o único contexto válido seria ‘elite da mediocridade’ ou ‘elite da safadeza’.