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27 nov 2012 - 11h09

A nós

Sábado, 24 de novembro de 2012, aproximadamente 18horas e 30minutos. Missão cumprida. Acesso garantido. Série A 2013. Alívio. Final de ano feliz. A melhor notícia do ano.

Foram dias tensos, cercados de apreensão até a chegada do decisivo duelo contra os que sempre jogam a vida contra nós – e que tentam, insistentemente, criar algum tipo de rivalidade com intuito de equiparar os dois clubes. De minha parte, tirei férias. Além de ter arrebentado absolutamente todos os dedos da mão, fiz diversas reflexões sobre o ano que passou e sobre tudo o que ocorreu na vida do nosso Clube desde as eleições no final do ano passado.

Crise. Time relegado à Série B. Mudança de gestão. Até aí, tudo bem. Nada mais natural. Na hora da desgraça, as pessoas, emocionalmente abaladas, procuram alternativas e artificialmente criam mártires e projetam soluções em torno de personalidades verdadeiramente inexistentes. Seduzidas pelo bom discurso e pelas proposições teóricas diferenciadas, depositam cegamente toda sua confiança em abstrações; imagens que acalentam. É como lembrar daquela primeira namorada, desprovida de defeitos e a quem juramos amor eterno. Enfim, sentimentalismo humano. Trata-se do apego a criações que reputamos como ideais em nossas cabeças.

Entretanto, a histórica eleição acabou criando uma polarização no clube. Uma política burra, separatista de atleticanos e atleticanos. Defensores ferrenhos de um lado e de outro, brigando e se ofendendo mutuamente, esquecendo-se das grandes vantagens da democracia e da divergência entre opiniões – aliás, inexistente na sistemática atual de gestão interna do Atlético, em relação ao que nem mesmo irei me alongar por aqui. Pior: as brigas revelam que se deixa de lado o foco central de tudo. Afinal, todos somos atleticanos, e lutamos por uma mesma causa.

Aliás, permito-me aqui constatar que diversos – e digo em tom coletivo genérico porque foram mesmo diversas as ocasiões que presenciei manifestações nesse tom – dos próprios eleitores e até cabos eleitorais da chapa eleita passaram a ofender a direção já nos primeiros fracassos da equipe no Campeonato Paranaense. Cobranças internas caprichosas, desprovidas de qualquer conhecimento técnico futebolístico, destruíram o bom trabalho que vinha sendo realizado pelo técnico Carrasco – que apesar de ter suas qualidades, revelou-se um sujeito bastante suscetível a ordens e interferências de escalação. Mudamos o esquema de jogo. Tivemos derrotas inesperadas e, sem adentrar no mérito do apito, perdemos mais um campeonato.

Nesse momento, os ideais projetados pela ansiosa torcida já não tinham mais tanto respaldo assim. A falta de resultados denunciava que as propostas de resolução imediatista de todos os problemas não seria efetivada na prática. Paralelamente, tivemos a notícia de que o rival não nos disponibilizaria o estádio. O outro time da cidade, orgulhoso, também se negou a nos emprestar suas dependências, preferindo relegar à fome seus próprios funcionários. Era mais uma promessa descumprida, e que igualmente colocava em descrédito os sonhos e ideais até então invencíveis (no mundo abstrato, evidentemente).

A derrota para o Boa, em Varginha, e depois para o Ceará selou o fim da linha. A pressão começou. Tardiamente, mas ainda em tempo (graças a Deus!), reformulamos a diretoria de futebol. Isto propiciou a renovação do elenco, com a vinda de jogadores mais cascudos. Homens que provavelmente são até inferiores tecnicamente, mas que possuem um espírito guerreiro muito maior do que o time do primeiro semestre. Outro fator determinante do acesso e cujo mérito deve ser reconhecido é o retorno para a nossa cidade, para jogar no Janguito. Paranaguá definitivamente não é nossa casa e o estilo “gelado” do estádio não tem a nossa cara. Com todo o respeito ao povo parnanguara, o campo não se presta a atender as necessidades de uma torcida quente e vibrante como a que nós temos.

É, foram feitas mudanças a partir da luta unificada em prol de um ideal tangível e realista. No plantel e na própria diretoria. Tudo isso em razão de pressão. Muita pressão por resultados. Pressão daqueles que jamais abandonaram o clube independentemente de preferências politiqueiras estúpidas e que tem de acabar. Pressão daqueles mais cascudos, que não deixam de sonhar alto, mas que sempre souberam que os ideais cogitados na fraqueza e crise não podem ser automaticamente efetivados na prática. Enfim, são aqueles que já perderam a namorada e passaram a ver as coisas de uma forma mais ponderada, sem perder o chão em momentos de crise.

São torcedores, atleticanos sem “marca política”, que deixam suas casas para percorrer o Brasil atrás do Atlético. Que empurram o Clube em qualquer situação. E que não cobram nada por isso. Não querem ser reconhecidos politicamente ou obter qualquer tipo de vantagem: apenas sustentam o seu amor maior, o Clube Atlético Paranaense. Não pedem nada em troca. Esperam apenas respeito.

O grande legado que essa Série B nos deixou é essa sensação de que o coletivo é fundamental. Como ensinava o velho grego, “Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância”. O sucesso do Atlético não admite qualquer tipo de egocentrismo. Repetimos uma série de erros do passado, e felizmente conseguimos montar uma equipe às pressas que se saiu vencedora. Ultrapassada a ressaca do acesso, é hora de planejar 2013 adequadamente, definindo desde logo um estádio para mandarmos os jogos e, sem ilusões sobre a capacidade do atual elenco, montar um time competitivo para jogar a primeira divisão.

Parabéns aos jogadores. Parabéns ao Presidente ao restante da diretoria. Obrigado a todos. Mas, principalmente, parabéns a nós torcedores, anônimos e nômades desse país dentre os quais me incluo, por termos levado nosso amor à glória novamente. “Nós somos os caras!”

Saudações rubro negras!



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