Monique Silva

O mundo desabou sobre a cabeça de Rodolfo em 2012. Pego no exame antidoping por uso de cocaína no mês de julho, nas partidas contra o CRB e Ceará, o goleiro foi suspenso por dois anos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Porém, a suspensão pode ser reduzida pela metade caso o atleta cumpra o tratamento e realize ações sociais.

E é o que o goleiro está fazendo. Desde a suspensão, o jogador comparece diariamente a uma clínica de reabilitação com o apoio do clube. E foi sobre as novas atividades e sua recuperação que Rodolfo, ao lado do advogado Sandro Wuicik e do psicólogo Dionísio Banaszewski, falou em entrevista nesta semana à rádio 98FM. Nela, o goleiro contou sobre sua rotina fora do futebol, dificuldades e expectativas para se livrar do vício.

"Estou mudando meus hábitos todos os dias e sempre fazendo coisas diferentes. Tenho a obrigação de ir todo dia à clinica, me tratam muito bem. Agora dia 2 abriu o quinto mês do tratamento e suspensão. Já venho treinando há 2 meses e meio num ritmo forte porque a previsão é voltar em agosto. Estou contando os dias pra voltar", contou o goleiro.

O arqueiro também fez questão novamente de agradecer o apoio do Atlético, que mobilizou psicólogos e advogados em prol de sua recuperação. "Se não tivesse caído no doping provavelmente eu não tivesse procurado ajuda e estava no mesmo caminho até hoje. Fui pego no jogo contra o CRB e tentei mascarar o máximo possível. Quando senhor da CBF me chamou para fazer o exame tomei um susto grande, mas ainda não tinha pedido ajuda. Quando veio tudo, de uma só vez, pedi ajuda, falei todo o problema e o que vinha acontecendo comigo".

A mudança no dia a dia e as amizades também foram comentadas por Rodolfo. "Com essa mudança de hábitos estou separando bem as amizades agora, muitos amigos que eu considerava só estavam do meu lado porque eu jogava futebol e tinha dinheiro. Era complicado. Como eu estava usando drogas não conseguia distinguir quem era quem. Hoje tenho bem menos amigos. Na vida de um usuário de drogas a gente vive um sofrimento, manipulamos as pessoas e mentimos bastante, características que venho mudando", contou.

Em tratamento desde a suspensão, Rodolfo contou detalhes sobre o período que usou drogas. "Desde os 15 anos. Nos dois ou três primeiros anos não usava diariamente. Foi um sofrimento terrível na minha vida. O que penso agora é esquecer tudo que passei com a droga e limpar essas páginas dos 15 aos 21 anos e caminhar de novo", espera.

Por fim, o goleiro agradeceu novamente advogados, psicólogos e diretores do clube. "Só tenho a agradecer por essa nova chance que estou tendo, que é para poucos. Valorizo muito. As drogas não levam a nada. O que passei não desejo a ninguém, nem para o meu pior inimigo. Tenho dois filhos que são a razão pela qual estou fazendo tudo hoje. Desejo muito ir à Seleção Brasileira e nessa minha caminhada farei de tudo para chegar lá".