Nossa relação começou de forma conturbada. Lembro de ter sido apresentado a você ainda muito novo, quando minha personalidade estava em formação, aprendendo conceitos e definições basilares das coisas da vida. Apesar de eu não ter ido muito com a sua cara e de ter insistido para tomar outro caminho – em muito pela influência alheia, é bem verdade –, acabei cedendo às insistentes pressões do meu pai.

As frequentes visitas que eu fazia à sua casa – e lembro bem: você morava de aluguel – foram nos tornando cada vez mais íntimos. Aos poucos, fui percebendo o quão dependente me tornei de você. De um lado, estavam sua incrível beleza e carisma. De outro, seu jeito difícil, incompreensível e por vezes até odioso. Esse antagonismo de sensações fez nascer daquela relação improvável e planejada o amor. Sentimento puro, genuíno, e por que não dizer ingênuo.

Na realidade, nosso destino já havia sido traçado bem antes disso – certamente muito antes dos idos de 8 de setembro de 1986.

É, faz muito tempo… Mas a essência de tudo não muda. Muito embora tenha adquirido contornos distintos e tenha amadurecido em certos aspectos, você continua com a mesma personalidade de antes. É mais independente, mora sozinha, mas tornou-se ainda mais difícil de lidar. De qualquer modo, não adianta. Eu te amo. E você sabe muito bem disso. Basta você sorrir pra mim que me rendo aos seus encantos e me submeto aos seus caprichos.

Não por acaso, por vezes me faz de gato e sapato. Pisa, chuta, e me deixa tão insuportavelmente triste e furioso que não tenho nem palavras pra descrever esses momentos. Difícil lidar com você, ainda mais tendo em conta meu temperamento difícil e minha ansiedade habitual.

Mas não estou aqui pra te criticar, ainda mais nesse dia tão especial. Os momentos ímpares de alegria e felicidade que você me proporcionou e me proporciona até hoje são indescritíveis; únicos. Quem me conhece sabe que minha própria identidade está ligada a você. Impossível não relacionar.

Quantos lugares já não conhecemos, em grande parte unicamente por sua causa? Quantas sensações boas e desagradáveis já não experimentamos? Enfim… o importante é que sempre estamos juntos, meu amor.

Aliás, a grande dificuldade que ora encontro para escrever a seu respeito se dá exatamente em razão de me faltarem palavras para definir sentimentos. A inconstância das sensações que você gera desperta em intervalos curtíssimos de tempo imagens de meretriz e princesa. Mas, no fim de tudo, mesmo quando brigamos, eu não aguento de saudades e vou atrás de ti.

É amor, não tem jeito. É pra sempre. É casamento.

Nesse 26 de março de 2013, Atlético, deixo aqui minha singela congratulação. Desejo-lhe muitas glórias e alegrias, para juntos nos regozijarmos em aventuras pelo mundo afora. A inenarrável felicidade que você me traz, “só eu sei”. Afinal, “eu não fico em casa”.

Espero que estejamos cada dia mais próximos, unidos pelo mesmo ideal. Um cara certa vez me disse que “a história só se escreve uma vez”, e que “conjecturar, administrar o passado criticando os erros é fácil”. Sábias palavras. Ninguém é o dono da razão. Torço muito para aprendermos com esses erros, fazendo juntos a nossa história. Pessoas vêm e vão. O Atlético fica.

Hoje, vamos dar uma trégua a rivalidades estúpidas. Lembremo-nos da razão de todas essas ideias defendendo “A” ou “B” existirem: todos amamos o nosso clube. E tudo tem que ser feito em prol do Atlético e pelo bem do Atlético. Bom jantar a todos, seja no Castelo di Firenze, seja na Paiol. Que nosso encontro seja produtivo e feliz!

Arremate:
“Eles dizem que é impossível encontrar o amor
Sem perder a razão
Mas pra quem tem pensamento forte
O impossível é só questão de opinião”
Charlie Brown Jr. – Só os Loucos Sabem