1939 – 2013 – Coincidências e Comparações
O ano era 1939, dois sobrenomes (Gottardi e Cecatto) unidos por laços de família e uma paixão em comum, o Atlético. Por problemas com a diretoria que certamente eram ideológicos, pois nesta época o futebol era semi-amador, os jogadores que formavam o time principal do Atlético promoveram uma espécie de greve ou boicote e não disputaram o estadual em protesto. Caju, Cecatto, Cecattinho, Zinder , Naná e outros titulares, comandados pelo irmão de Caju, o ex-goleiro do Atlético Alberto Gottardi disputaram uma outra competição no estado, uma outra divisão. Nos livros o classificam como terceira divisão, mas creio que deveria ser uma espécie de liga ou um torneio, pois terceira divisão em 39 é meio estranho. Foram campeões deste torneio e este time ficou conhecido como Atlético Extra. Já no estadual da primeira divisão, com o time reserva não fomos campeões, ficamos em terceiro e nosso rival continuou a sequência de títulos que já vinham de quatro anos.
O ano é 2013, o time principal não disputa o estadual por questões financeiras e de prioridades, o elenco do Atlético formado por jogadores jovens disputará a final do campeonato com grandes chances de ser campeão sendo o franco atirador nas duas partidas. Que oportunidade única de se fazer uma grande historia. É interessante, duas épocas com 74 anos de diferença, mas com duas semelhanças; times alternativos e quebrar a sequência de títulos do rival. Em 1939 quem entrou para a historia foi o Atlético Extra, e quem pode entrar em 2013 é o Sub 23 – 1-2-3 do Sub 23.
Caju e Cecattinho que foram citados na comparação dos anos de 1939 e 2013, eram cunhados, moravam na Água Verde, apaixonados pelo Atlético e suas famílias deram bons jogadores ao clube: Além dos dois podemos acrescentar Alberto, Rui, Celso, Alfredo, Cecatto, Cecattão. Cecattinho era meu vizinho de muro, sua esposa era irmã de minha avó e numa época em que a Brigadeiro Franco não tinha tanto movimento, os dois se sentavam algumas vezes na varanda da casa de Cecattinho depois da feira para conversar, e eu moleque às vezes ia lá para escutar as historias………….. – Certa vez em uma excursão ao Rio de Janeiro para jogar com o Botafogo de Heleno de Freitas na noite em que se inauguraram as luzes do estádio de General Severiano, Caju já veterano depois de servir a seleção, era o astro do time e estava no arco já Cecattinho não tanto conhecido e mais jovem, foi convidado após a partida para jogar num grande clube da então capital do Brasil. Neste jogo o Atlético tinha lépido ponta, não vou me lembrar do nome dele, que no jogo não conseguia correr, a bola era lançado para o atacante e nada de ele ir atrás da pelota, o jogador parecia estar pregado no chão. No intervalo ele foi questionado, o que está acontecendo? Cadê os piques? E ele disse, não to conseguindo, de manhã na hora de folga achei tão bonito o Cristo que subi e desci o morro do corcovado na corrida. Acabou o jogo 0X0, Caju fechou o gol e na bagagem veio o convite à Cecattinho, que ao comunicar a esposa da intenção de ir para o Rio, quase foi expulso de sua casa, a tia Esmeralda dizia: como você pode querer abandonar o Atlético falou primeiro, para depois citar a família e os filhos.
Caju foi um dos grandes jogadores de sua geração que não foram à uma Copa do Mundo por causa da segunda guerra mundial, de 1939 a 1949 não se teve a competição mundial. Se tivessem ocorrido as duas copas neste período, talvez o Brasil possuísse mais uma estrela com as defesas da MAJESTADE DO ARCO e o Atlético teria mais um jogador na sua galeria que atuando pelo clube seria campeão mundial igualmente a Kleberson. A propósito Kleberson disputou duas Copas do Mundo, em uma jogando efetivamente e sendo campeão do mundo como jogador do Atlético. Na Europa jogou no time mundialmente conhecido e vencedor, Manchester United.
O eterno ídolo do coxinha que está encerrando a sua carreira no falido clube, nunca disputou uma Copa do Mundo, na Europa esteve no Parma time intermediário do futebol italiano e não jogou, foi para a Turquia e fez um relativo sucesso e acham que foi o maximo, segundo eles o grande jogador da historia do futebol paranaense. Mas ficam as perguntas: Porque não disputou uma Copa sendo que o técnico era Felipão que o conhecia tão bem? Que titulo europeu o Fernerbahce ganhou? Que titulo importante tem a Turquia no cenário mundial? Ele foi ídolo num pais da Europa que representa futebolisticamente o que a Venezuela ou a Bolívia representam para os sul-americanos. Terminar a carreira perdendo o título para o sub 23 e ser rebaixado no ioiô coxa branca seria o êxtase da carreira do jogador soneca.