Bicampeão de 1983
No bicampeonato de 1983, os estaduais eram disputados no segundo semestre e eram longos, a final vitoriosa foi contra as coxinhas no mês de dezembro há quase trinta anos atrás. Como agora é ATLEtiba novamente nas finais, vamos recordar e motivar a nação rubro-negra comemorando os 30 anos com mais um titulo em cima da coxarada.
Depois de uma campanha magnífica e antológica já relembrada neste espaço do nacional de 1983, o gigante adormecido dos anos 70 estava muito bem acordado. Inicia-se o campeonato paranaense num final de semana gelado, frio e chuvoso. Começamos nossa campanha no Esgoto Pereira contra o Matsubara, jogo em que jogaram Wasghinton e Assis. Depois do sucesso da dupla a venda era certa, atuaram nesta partida e mais uma ou duas, pois se tinha medo que o clube que comprasse o Casal 20 o negociasse com os coxinhas no caso de não adaptação no futuro clube, exemplos vinham do passado, Zé Roberto, Lance, Dionísio, e mais alguns. Rafael se recuperou da operação do tendão de aquiles e queria jogar, fez muita pressão e negociaram Roberto com o Vasco, estranho nesta negociação foi a divulgação, através de uma contratação de Amauri que veio de contra peso, ao ser entrevistado ele falou que o Atlético perdia um grande goleiro mas ganhava um grande centroavante, as rádios não sabiam da negociação e o próprio jogador sem querer deu o furo de reportagem da venda de Roberto. Amauri chegou com festa, foram poucos os casos que vi tamanha expectativa da torcida do Atlético por um jogador, Roberto Dinamite do Vasco em uma entrevista a revista Placar afirmou que Amauri foi o melhor companheiro de ataque que atuou ao seu lado. Nunca teve uma atuação digna no Furacão, nos bastidores escutei uma vez de um colega seu que ele dizia: eu amo este clube, melhor contrato da minha vida e beijava o contrato, teve um fim de carreira triste. Muitos jogadores chegaram para a campanha, Cristovão, Candido e Zezé vieram por empréstimo na negociação do casal 20 com o Fluminense, Cristovão foi um grande jogador, ele teve três passagens pelo o Atlético nos anos de 83, 85 e a ultima em 93. Não me lembro na historia do Atlético um jogador ter tido três negociações com o clube. Candido era simples mais funcional e Zezé era um leão de treino, um craque, mas quando entrava no time durante as partidas não jogava nada para desespero de Bolão, técnico que iniciou o campeonato. Tinha se uma grande expectativa para a zaga com as crias da casa Oliveira e Flavio Mendes que fizeram grandes apresentações no nacional, mas a dupla caiu por terra no final do primeiro turno com falhas sucessivas e erros que levaram o Atlético a buscar reforços para a zaga, e naquele momento se encerou o ciclo dos dois jogadores pratas da casa nascidos no Atlético com o clube. Chegaram Heraldo e Celso, na estreia da nova dupla em uma quarta feira a noite, casa cheia para enfrentar o Londrina e que tragédia, o Londrina tinha um ponta chamado Zé Dias que deitou e rolou, fez cera, saia de maca e pulava direto para o campo ajudando o Londrina a vencer o Atlético por 3×1, se não me engano fez 2 ou 3 gols nesta fatídica estreia. Mas esta dupla de zaga se recuperou e entrou para a historia do clube como uma das mais entrosadas e talentosas que o Atlético já teve. Após este estadual Celso foi devolvido ao Vasco, foi titular no nacional e mais tarde vendido ao Porto onde foi campeão da Champions League, Heraldo voltou ao Fluminense, quase não jogou por lá e perambulou pelo nordeste, Palmeiras, Cruzeiro e coxinha. A dupla voltou a se encontrar em 89 no Atlético mais o brilhantismo de Celso já não era mais o mesmo. Heraldo foi campeão em 90 e mais tarde envolvido em uma troca com Moreno. Mais jogadores chegaram, Picolé veio depois de uma longa carreira no México, Augusto depois de seu fracasso no Colorado gaucho retornou, Capitão se machucou e Paulo Cesar foi contratado, Renato Sá e Binga chegaram quase juntos nos últimos dias de inscrições. Que jogador era Renato Sá, clássico, brilhante e talentoso, honrou demais a camisa do Atlético e foi campeão novamente em 85. Binga veio como ídolo do triangulo mineiro, mais não deu tanta sorte. Remanescentes de 82 eram Rafael, Jorge Luis, Ivair, Nivaldo e Detti. Do nacional eram Sotter, Abel e Jocely e as revelaçãos Joel O CARRASCO dos coxas, Jefferson e Robertinho. O comando foi trocado no meio do campeonato, saiu Bolão grande revelador de talentos do Matsubara e chegou para seu lugar Lori Sandri, ex-jogador dos anos 70 e que conquistou em 83 o seu primeiro titulo como treinador. Este era o Grupo BICAMPEÃO de 1983.
O campeonato foi longo, mais de 40 partidas, mudaram a formula de disputa dos três turnos de 1982, pois neste ano ganhamos os três e a bola parou antes do fim do ano. E até chegar os jogos finais, muita coisa aconteceu.
– Num jogo contra o Colorado, ocorreu umas das coisas mais bizarras e engraçadas que eu já vi num campo de futebol. Pelo regulamento, o Colorado para seguir vivo na competição tinha que perder para o Atlético. O jogo seguia em banho maria sem ninguém querendo nada com a bola dentro do campo, de repente Jones acerta um chute despretensioso no gol de Rafael e a bola entra, a torcida do Colorado vibra e a do Atlético logo em seguida se levante e canta, eu..eu.. eu o Boca se fud…., No decorrer da partida um zagueiro colorado coloca a mão na bola dentro da área de maneira proposital, pênalti convertido por Joel. O jogo seguiu daquela maneira, mamão com açúcar e terminou 1×1. Nestes anos do inicio da década, iam para o nacional somente o campeão e o vice do estadual do PR, então o Colorado só voltaria a jogar no meio do ano seguinte, e na divisa das torcidas a tiração de sarro era grande: quer vender o rádio, coloca a camisa na naftalina, boas férias etc.
– Há trinta anos o xixi começou a corroer o Esgoto Pereira e as arquibancadas antissociais do estádio foram interditadas, pois o risco de desabar era enorme, inclusive improvisaram umas cabines de madeira na reta da Mauá que mais pareciam uma favela para a imprensa paranaense. Em um ATLEtiba o canto era AEI, esta porr…. vai cair. As reformas de segurança demoraram mais de dois meses nas estruturas mijadas que estavam prestes a desabar colocando algumas cintas nas estruturas. Então não é de hoje que o Pinga Mijo, estádio sucateado que fede, esta prestes a cair por causa do xixi.
– Neste ano o Atlético mandava alguns jogos no domingo pela manhã e a velha Baixada enchia, se assistia a F1 com shows de Nelson Piquet, na sequencia Baixada e depois a macarronada de domingo da nona. Nestes tempos era como a democracia corintiana, o Atlético não tinha a tradicional concentração para os jogadores.
– Jorge Luis foi um dos grandes volantes dos antigos que vi jogar, o lançamento dele era do estilo de Gerson, tinha muita categoria. Na sua passagem pelo Atlético não fez nenhum gol, mas em um ATLEtiba em que depois da marcação de um pênalti o pau comeu, Ivair chegou a pegar a bandeirinha de escanteio para brigar, os ânimos se acalmaram e nenhum jogador do Atlético estava se sentindo bem para bater a penalidade. Jorge Luis pega a bola com muita tranquilidade, vai para cobrança e bate no canto esquerdo de Jairo que toca na bola e ela vai na trave, mas na sobra Candido coloca para dentro, e Jorge Luis em sua trajetória no Atlético com 3 anos de duração não fez nenhum gol com a camisa do rubro-negra.
Vamos as finais, o ATLEtiba de domingo foi o primeiro da historia a ser transmitido ao vivo para todo o Brasil por uma TV , a Bandeirantes. Depois de termos ganho o primeiro jogo de muita pancadaria em uma quarta feira a noite com um gol de Joel, jogávamos pelo empate no domingo. O Show estava preparado, que entrada no campo, (na semana passada vi pela Libertadores um recebimento que é como os argentinos chamam a entrada dos seus times, do Newells de Rosário, impressionante, por ser vermelho e preto me lembrou aquele dia). Em campo desfalques, Sotter suspenso não jogou e o polivalente Detti marcou presença na lateral, Heraldo expulso no primeiro jogou cedeu o lugar da zaga para Augusto, e uma surpresa, com Abel suspenso, Capitão machucado e com Paulo Cesar não correspondendo, Nivaldo jogou como quinto homem do meio de campo que era formado por Jorge Luis, Ivair, Cristovão e Renato Sá. No primeiro tempo não se teve muitas emoções, jogo truncado e poucas alternativas de gol. No segundo tempo, o coxinha vem pra cima e Rafael falhava a toda momento, ele que deveria ter sido expulso no quebra pau do primeiro jogo se mostra inseguro, rebate bolas e sai mau do gol quando acionado, fundamento em que era muito bom. Elísio perde um gol inacreditável, pode pegar todos os gols perdidos do Inacreditável Futebol Clube que nenhum vai chegar perto da arte que este jogador fez. Coxinha pressionando e num lateral cobrado para Jorge Luis , este com espaço lança a bola para grande área, Joel no meio dos brucutus paquiteanos, sobe para cabecear em baixo de Jairo, 1×0 e explosão da torcida. Pedi que não fosse naquela hora que o Pinga Mijo viesse abaixo, pois aquela parte em que a torcida do Atlético ficava, não foi para as reformas do xixi, e com a vibração da torcida mais fanática do Brasil o Esgoto poderia ruir. Segue a partida e Rafael continua batendo roupa, em uma delas a bola sobra para Lela que faz o gol mas não faz careta, pega a bola e corre para o meio. Foram os 10 minutos mais longos até então vividos dentro de um campo, eles vieram para cima, Rafael continuava inseguro e Lori coloca Binga para puxar o contra ataque no lugar de Ivair. Mas no final tudo acabou bem, BI CAMPEÃO na década mais vitoriosa do Atlético. Neste ano não foi permitido invadir o campo, os jogadores fizeram a festa com a torcida e receberam o troféu dentro do salão de festas mais fedido do Brasil.
Que nos próximos domingos, Santos seja Santos, que Sotter lá do céu abençoe os laterais, que o segredo do cadeado da zaga de Celso seja passado a Bruno Costa, que gotas de sangue de Ivair e que as batidas do coração de Detti estejam com Foguinho, que Hernani faça lançamentos precisos como Jorge Luis, que Zezinho se inspire e receba a classe e a categoria de Reanato Sá, que Douglas Coutinho se transforme no novo CARRASCO dos coxas ,que Crislan entre para a historia como mais um nordestino a conquistar um titulo com a camisa rubro negra assim como foi Cristovão, e que Marcos Guilherme fique muito tempo e crie uma identificação bonita com o clube assim como fez Nivaldo. Pra cima deles ATLÉTICO.