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17 jul 2013 - 9h25

Alternativa

Não vou argumentar aqui com obviedades, afirmando, por exemplo, que é impossível, a um só tempo, construir um estádio da magnitude de nossa Arena Fifa e montar um elenco efetivamente qualificado para disputar os torneios dos quais participaremos durante todo o transcorrer deste ano.

Temos que ter em mente uma coisa só: a prioridade nossa, em 2013, no que respeita ao futebol propriamente dito, é não cair para a segunda divisão.

É evidente –e isso só não vê quem não quer-, que os jogadores que contratamos para as disputas deste ano são jovens desconhecidos, embora, entre eles, possam existir alguns talentos –acho até que existam-.

Nenhum deles assinou contrato com o nosso Furacão com o firme propósito de ser campeão de coisa nenhum, creiam.

Diante dessa nossa inegável realidade, impõe-nos a razão concluirmos de que temos somente duas coisas a fazer: a primeira, é apoiar os nossos jogadores em quaisquer circunstâncias e, a segunda, é exigir que o nosso comandante técnico, diante dessas nossas limitações, busque, ao menos, oferecer algo novo e diferenciado em termos de maneira de jogar, pois se quisermos fazer exatamente o que normalmente fazem em campo as demais equipes que disputam o campeonato brasileiro, ou seja, mediante a utilização de fórmulas sacramentais, estaremos fadados a perecer, de vez que não podemos nos igualar tecnicamente com a grande maioria delas; deve se criar, então, um diferencial, respeitadas as limitações técnicas dos nossos atletas.

Isso é possível fazer? Evidente que é; e técnico de futebol serve também para isso –no nosso caso, principalmente para isso-.

Eu sempre acreditei que não deve ser nada difícil ser técnico da Seleção –pois aí você pode escolher os jogadores que quiser pelo critério técnico e, depois, utilizá-los consoante padrões táticos convencionais adaptáveis ao tipo de competição e de acordo com o adversário-; o difícil é você ser técnico de um Clube que, logo que você chega para assumir o comando, aquele que lá te recepciona já te olha e diz: “…olha, a rapaziada é essa aí…não há dinheiro para contratar ninguém de renome ou com experiência e personalidade…estamos construindo um estádio e blá…blá…blá…”.

O Mancini, com certeza, sabe disso.

Resta, agora, esperar que ele realmente promova a criação desse necessário diferencial a que antes aludi.

Este ano, portanto, o Atlético não deve preocupar-se em jogar futebol, mas sim em inventar uma maneira de ser diferente para poder ser minimamente eficiente a ponto de não cair para a segundona.

Apenas para concluir: se a Seleção Brasileira, na partida final da Copa das Confederações, resolvesse jogar de maneira tradicional e clássica contra a Espanha, deixando-a com espaços suficientes para praticar o seu jogo de toques curtos (tic-tac) e posse de bola, simplesmente iria ficar de “peru na roda” o jogo inteiro até levar um ou dois gols, pois ninguém, hoje, no futebol mundial, joga mais futebol association e de eficiente toque de bola como a equipe espanhola.

O que fez então a Seleção mais laureada de todos os tempos no futebol mundial? Simplesmente reconheceu a sua atual inferioridade técnica, a sua fama, o seu orgulho e, como um modesto time de basquetebol de bairro novaiorquino, aplicou na Espanha uma marcação por zona-pressão, com cinco ou seis jogadores colocando-se exatamente do lado em que os espanhóis eventualmente estivessem atacando e diminuindo consideravelmente os espaços entre estes (exatamente para impedir o toque curto), sempre fazendo sobrar, mais atrás, três homens de defesa. Resultado: a Espanha simplesmente não jogou. Como opção de ataque, o Neymar, sempre em posição avançada para além do meio de campo para eventualmente ser lançado por quem roubasse a bola lá atrás, ou os nossos alas, para serem lançados nas costas dos laterais adversários. Quando qualquer uma dessas coisas acontecia, imediatamente nossos meias e volantes também avançavam rapidamente e em bloco para a intermediária espanhola reforçando o sistema ofensivo, dois a dois.

Se foi o Parreira ou o Daniel Alves quem bolou essa estratégia de jogo eu não sei; mas que foi a única maneira racional que então existia para tentar parar a Espanha, ah, isso foi mesmo… por isso, ganhamos a partida e o título.

Guardadas as devidas proporções, é mais ou menos isso que o Furacão tem que fazer, dora em diante, contra qualquer adversário seu: considerar-se sempre inferior e, dentro dessa inferioridade, criar uma alternativa para anular o jogo do seu oponente e saber exatamente o que fazer quando estiver com a posse da bola.

Dependemos disso para permanecer na divisão de elite do nosso futebol.

É isso.



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