7 nov 2013 - 11h59

Análise do jogo: O padrão de jogo fez a diferença

Das prévias dos times que estavam aparecendo na véspera houveram duas surpresas nas escalações de Atlético e Grêmio. Pelo lado atleticano, a novidade foi a titularidade de Zezinho no lugar de João Paulo. Deste modo, o time não mudou o seu esquema tático e começou o jogo com os mesmos 11 da primeira partida da semifinal. Já pelo lado gremista, a surpresa foi Zé Roberto, no lugar de Vargas, como titular. Com isso, a equipe gaúcha iniciou com um esquema de jogo que pouco usou com Renato Gaúcho no comando técnico: o 4-3-1-2.

As duas equipes no 4-3-1-2 [arte: Caio Gondo]

Os dois times começaram a partida no mesmo esquema tático, mas apresentaram modos diferentes de jogo. O Atlético, com seus atacantes recuando pelos lados, começou a marcação atrás do meio de campo, apresentou veloz transição defensiva e ofensiva, e, ainda, com maior intensidade de marcação somente em campo defensivo. Já o Grêmio apresentou maior intensidade de marcação já na intermediária ofensiva, jogou com seus atacantes recuando pelo meio e, durante todo primeiro tempo, o time abusou dos desarmes e interceptações.

Com este cenário da equipe gaúcha mais presente no campo defensivo rubro-negro, o Atlético não perdeu a obediência tática adquirida ao longo do trabalho de Vagner Mancini. Mesmo com o Grêmio pressionando, os jogadores atleticanos foram melhores na primeira etapa. Esta superioridade atleticana não foi refletida na quantidade de finalizações no primeiro tempo (Atlético fez 4 finalizações enquanto que o Grêmio fez 8 nos primeiros 45 minutos de jogo), mas no modo que os jogadores rubro-negros se distribuíram pelo campo.

Pois uma vez que Deivid, Zezinho e Éverton flutuavam alinhados de acordo com o lado da jogada; Paulo Baier, muitas vezes, se posicionou, atrás da linha da bola; e, de acordo com o lado que o Grêmio subiu ou Marcelo ou Éderson recuava até próximo do meio campo, o time gaúcho não conseguiu ter espaços para atacar no primeiro tempo inteiro. Além de contar com esta organização tática defensiva rubro-negra, Ramiro e Riveros (os dois volantes tricolores que normalmente subiam ao ataque) não souberam quando e como atacar e, também, não realizaram a cobertura do lateral ao seu lado que apoiava o ataque gaúcho. Este time do Grêmio que pouco jogou no 4-3-1-2 e sentiu a falta de costume do esquema.

Exemplificação da movimentação dos jogadores quando o Grêmio realizava um ataque pela a sua esquerda [arte: Caio Gondo]

No intervalo, nenhum dos técnicos realizou substituição, mas Vagner Mancini mexeu em sua equipe. Para o segundo tempo, Zezinho, que conseguiu atacar mais e melhor do que Deivid no primeiro tempo, trocou de posição com o camisa 5 rubro-negro. Com esta alteração, o Furacão ficou ainda melhor posicionado para realizar os seus conhecidos contra-ataques.

Com nenhuma alteração gremista e o time atleticano começando melhor o segundo tempo, os comandados de Vagner Mancini continuaram a ditar o ritmo da partida. Porém as entradas de Vargas e Elano, nos lugares de Zé Roberto e Riveros, fizeram o Grêmio crescer na partida. Agora, o tricolor gaúcho atacava com muitos jogadores e a fluência do time ficou ainda mais em campo ofensivo.

Vejam pelo Heatmap, retirado do Footstats, a seguir a fluência que o time tricolor teve em campo defensivo do Atlético:

O campo tem como referência o Grêmio atacando da direita para a esquerda [arte: Caio Gondo]

Já Vagner Mancini, percebendo que a sua equipe ficava cada vez mais sem a posse da bola e em campo defensivo, colocou Dellatorre e João Paulo nos lugares de Éderson e Paulo Baier. Através destas alterações realizadas pelos dois técnicos, o Grêmio passou a jogar no 4-2-2-2 e o Atlético manteve o 4-3-1-2.

Grêmio no 4-2-2-2 e Atlético no 4-3-1-2 [arte: Caio Gondo]

Até este momento da partida houveram evidências táticas. Pois após a entrada de Yuri Mamute, no lugar de Ramiro, aos 34 do segundo tempo, o que se viu foi o Grêmio tentando atacar de qualquer maneira e o Atlético se defendendo como pôde. Uma vez, aos 37 do segundo tempo, Vagner Mancini colocou o zagueiro Renato Chaves no lugar de Éverton e, um minuto depois, Marcelo se lesionou, o Atlético se defendia como conseguia e não tinha com quem tentar o contra-ataque. Já que não havia nenhum meia e somente Dellatorre, em condições para correr, no ataque.

Apesar de tanta pressão gaúcha na segunda etapa (foram 17 finalizações nos últimos 45 minutos), o Furacão conseguiu segurar o placar que lhe garantiu a classificação para inédita final da Copa do Brasil.



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