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13 dez 2013 - 7h51

Atlético e Torcida

Iniciei minha paixão pelo Atlético sendo carregado no colo pela minha saudosa avó, suas irmãs e sobrinhas família grande e tradicionalmente rubro-negra. Com vários primos de todas as idades e sexos vibrávamos com o Atlético nas antigas sociais e ali vi os últimos chutes de Sicupira, Júlio e Nilson Borges. Nesta época em que os últimos ídolos da grande conquista de 1970 se preparavam para pendurar as chuteiras surgiam as primeiras torcidas organizadas, ETA (Esquadrão da Torcida Atleticana), e a TIA ( Torcida Independente Atleticana). Ainda criança, deixava meu pai na arquibancada e me infiltrava na torcida para berrar, gritar, torcer e me sentir parte do jogo. Em 1977 acabam estas torcidas e num jogo no Esgoto Pereira contra o Brasília de um jogador chamado Banana que me chamou a atenção, surgiram muitas faixas com vários nomes de torcidas para não deixar que elas desaparecessem, sempre com a ideia de incentivar e empurrar o time atleticano sendo o decimo segundo jogador rubro negro.

Com o passar do tempo, a mais expressiva e que se consolidou rapidamente foi Os Fanáticos e na minha adolescência atleticana, onde esta torcida estava era onde eu ficava também para incentivar o Furacão. Vi a perda do titulo de 1978 e a cada pênalti perdido as lagrimas escoriam nos olhos de cada integrante da torcida sem que qualquer tipo de reação violenta surgisse. Após a perda do estadual em dezembro de 1978, já no primeiro jogo de 1979 no campeonato paranaense novamente, pois o nacional teve seu inicio somente em setembro, estava lá à torcida Os Fanáticos na Baixada empurrando o time com a mesma paixão esperando o titulo que somente viria em 1982. Até 1982 chegar esta mesma torcida viu o interior do estado dominar o regional, vibrou com uma vitória em um ATLEtiba na antiga Baixada que há muito tempo não ocorria, ficou esperançosa com a chegada de Didi e Nivaldo, fez uma grande festa na inauguração dos refletores, sofreu no torneio da morte de 1980, viu o nascimento do grande time de 1982 sendo formado em 1981 com Lino, Bianchi, Jair Gonçalves que chegaram neste ano. Na conquista de 1982 a torcida foi fundamental com a sua vibração e espetáculos na entrada do time atleticano, foguetes, pó de arroz, papel higiênico, papel picado, bateria e cânticos inovadores marcaram aquele ano com as excursões e passeatas a cada conquista de turno, era um espetáculo que seguiu durante o primeiro semestre no nacional de 1983 com aquela campanha histórica no nacional deste mesmo ano. No estadual, ocorreu o primeiro episodio de violência que eu me lembro, em um jogo no Esgoto Pereira em que o Atlético foi prejudicado pelo arbitro Afonso Vitor de Oliveira , um dos torcedores fundadores da Torcida os Fanáticos que já não estava mais pois havia fundado outra torcida a TNT Nação, invade o campo solitariamente, apaixonado, parte para cima de Afonso Vitor. Este era o tipo de violência da época, um garoto lobo solitário que nas horas vagas batia uma bolinha na Praça Osório com a camisa do zagueiro atleticano Gilberto que havia ganhado há alguns anos atrás. Após esta perda de turno, reforços chegam e com o apoio das torcidas organizadas o Atlético chega ao Bicampeonato. Esta mesma torcida se despede com um titulo da Baixada em 1985 e vai sofrer no gélido e frio Pinheirão, faz pressão em 1992 para voltar a Baixada e foi fundamental para o retorno, já nestas épocas a violência aumentava gradativamente e eu jovem me afastei e admirava a torcida de longe.

Como na vida tudo se modifica tendo um começo e um fim. O puritanismo das primeiras torcidas já não existe mais, a grande paixão que movia a torcida foi ocupada por outros interesses e o amor pelo clube passou a ter papel secundário. Este ano estive em alguns jogos em Curitiba e em algumas vezes fiquei perto da torcida, o cheiro de maconha era insuportável, naquele momento me lembrei da liberdade que meu pai me dava para que eu fosse nesta mesma torcida há anos atrás e disse a mim mesmo, nunca poderei fazer isto com as minhas filhas. A diretoria atleticana que é pioneira em tantas posições e atitudes deveria ser o primeiro clube brasileiro a extinguir e combater estas torcidas organizadas, se reinventando e fazendo como na década de 70, em que famílias inteiras iam ao estádio com suas bandeiras pequenas e com seus cânticos de incentivos ao clube e a sus ídolos para ocupar novamente a Arena. Com lugares marcados, cadastramento de sócios e câmeras de monitoramento, este controle pode ser possível.

Parabéns ao velho Lopes que critiquei muitas vezes por achar o que ele havia dito no começo do ano seria uma bravata jogando pra galera, se foi planejamento ou sorte pouco importa, o importante é que suas palavras deram certo num ano pouco provável para a conquista de uma vaga para a Libertadores da América, é claro que fica um pouco de frustração pela oportunidade e pela perda do titulo da Copa do Brasil, principalmente pela maneira como o time se comportou, mas apesar de alguns problemas, o ano foi muito bom sem duvida alguma. Com a Arena pronta, o futebol terá mais investimentos e novas oportunidades de conquistas nacionais surgirão novamente e no novo caldeirão, o Atlético será quase que imbatível.

O Atlético está na “Pré Libertadores” , que se tenha muito cuidado no planejamento com a volta do elenco e contratações, dependendo do sorteio, o adversário poderá ser um time semi- amador da Venezuela ou Bolívia como um grande argentino ou uruguaio. Não vamos esquecer o que o Tolima fez com o Corinthians e que o Grêmio no ano passado passou pela LDU somente nos pênaltis, então todo o cuidado é pouco.

OBS: As torcidas organizadas surgiram na Argentina 10 anos antes que no Brasil, e o que está acontecendo e este retrocesso deste ano, já ocorreu na Argentina há mais de 10 anos atrás, existe um livro chamado La Doce de autoria de Gustavo Grabia que narra o surgimento, os objetivos e das infiltrações no clube e no estado da principal torcida do Boca. Vale a pena a leitura e comparar alguns fatos como vereadores, membros no governo, espaço na Bombonera destinado a torcida mais ou menos semelhante como a categoria de sócio FAN.

Feliz Natal e um maravilhoso ano a todos atleticanos que participam deste espaço.



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