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17 dez 2013 - 10h14

Majestade do Arco

Jaú foi o primeiro avião brasileiro a cruzar o Atlântico e a noticia em 1927 foi muito comentada na cidade de Curitiba, um piá curitibano de 11 anos queria entrar no assunto dos adultos e perguntava, porque CAJU, o que é o CAJU? Os adultos diziam calma Alfredo, não é Caju é Jaú. Mas o piá Alfredo muito determinado desde criança teimava e afirmava, é CAJU, CAJU E CAJU. Foi o suficiente para seu irmão mais velho Alberto também goleiro que no futuro levaria o piá curitibano para o Atlético apelidar o garoto de Caju com o aval da família Gottardi.

Suas primeiras defesas foram em 1930 onde se encontra hoje a Praça Rui Barbosa que naquela época nada mais eram do que 4 campos de chão batido. Seu primeiro timinho de futebol nos campos se chamava República, e as reuniões eram próxima a sua casa que se localizava na esquina da Voluntários da Pátria com a Emiliano Perneta. Em 1931 vai jogar no Savóia, que anos a frente muda de nome para Água Verde e posteriormente Pinheiros, mudanças de nome devido à segunda guerra mundial. Em1932, ainda juvenil com 16 anos chega para defender o Atlético indo até 1949, neste ano fez parte do histórico time que recebeu o apelido eterno de Furacão e gradativamente foi passando o posto ao futuro titular a Laio, a Fortaleza Voadora. Seu último jogo foi em 1950 contra o famoso Botafogo da época em uma cidade que sempre sonhou em ter Caju como goleiro dos seus times. O placar foi 0X0, pouco comum para época mais que representou a grande atuação de Caju naquela despedida, e nada melhor e mais justo para o seu último jogo que o placar permanecer fechado.

Caju para os padrões de goleiro da época era considerado baixo, alguns relatos falam de 1,71m a 1,75m, mas que eram compensados com muito treino e um talento muito acima da média. Caju afirmava em suas raras entrevistas que goleiro nasce goleiro e para melhorar necessitava de 3 coisas, treinar, treinar e treinar. Não gostava de bolas arremessadas com a mão em treinos, dizia que gostava de ver os pés dos atacantes chutando a bola. Era um goleiro que valorizava o posicionamento e tinha reflexos e golpes de vista precisos. Nas saídas da meta atleticana evitava o choque e não gostava de dar socos, pois não era muito grande, usando a sua imensa categoria se adiantava aos cruzamentos se antecipando aos atacantes e com a mão direita dava um leve toque para que a esquerda pegasse a bola e saísse jogando sem perder muito tempo. Nas saídas rasteiras sempre visava comprimir a bola ou empurrar ela no pé do atacante evitando que o mesmo chutasse e que ele, Caju, não se machucasse. Os componentes da barreira que Caju treinava eram chamados por ele de Elefantes Ensinados. Caju armava a barreira com os mais altos nas extremidades e os mais baixos no centro, fazendo com que o centro da barreira ficasse um pouco adiantado formando uma espécie de ponta de lança com espaço aberto para que Caju observasse os pés dos cobradores, que geralmente cobravam as faltas no meio do gol devido a barreira de elefantes e aos olhos hipnotizantes de Caju que sempre bem posicionado segurava com tranquilidade.

Caju só deixava o Atlético para jogar nas seleções do Paraná e na Seleção do Brasil. Foi duas vezes convocados para o Sul-Americano nos anos de 1942 e 1945. Em 1942 no Uruguai foi o titular e considerado o melhor goleiro sul americano do torneio, o Brasil desfalcado no ataque de Leonidas, Pirilo e Russo, não fez os gols necessários e somente as defesas e milagres de Caju não foram suficientes para o titulo. Na Argentina, somente se tinha noticias do Rio de Janeiro da época e desconheciam Caju, então olhem a matéria do jornal El Grafico :“ Quando comentamos o encontro entre Argentina e Brasil, ao destacar a performance cumprida por Caju, manifestamos estranheza pelo fato de que os brasileiros tenham feitos gestões para recorrer aos serviços de Jurandir. Francamente o guardião por nos conhecido (o carioca Jurandir) não poderia ter superado de nenhum modo – e dificilmente poderia ter igualado- este homem de estilo elegante, de ação segura, de colocação precisa, frente aos maiores dianteiros do mundo. Caju demonstrou alta classe internacional”. Depois deste jogo, o conhecido e renomado goleiro argentino Vaca faz questão de atravessar o campo todo para parabenizar o goleiro brasileiro.

Caju era humilde nas conquistas e grandioso nas falhas. Chegou a defender 6 pênaltis em um campeonato, 2 pênaltis em um único jogo e na final de 1943 pegou um no ATLEtiba decisivo cobrado por Altevir sem se vangloriar. Teve poucas falhas na carreira, em um jogo pela seleção paranaense no primeiro gol dos gaúchos, ao ser questionado imediatamente diz, vão lá e façam dois e o placar foi 2×1. Na volta do Sul-americano em 1942 em que chega com muitas homenagens, vai para um ATLEtiba e tenta driblar Neno fora da área, perde a bola e Neno faz o gol, sempre se culpou por este gol assumindo a responsabilidade mais jamais demonstrou fraqueza. Teve vários convites dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e dos países da Argentina e Uruguai, mas jamais abandonou o Atlético.

Durante a carreira, recebeu mais um justo apelido, “A Majestade do Arco”, e ainda em vida deu seu nome ao CT do Atlético, justa e merecida homenagem. Esta é uma pequena parte da grandiosa história de um goleiro que marcou época e fez história no Atlético PR. Sua data de nascimento é 14/01/1915, em 2015 faria 100 anos, desejo que esta data não passe em branco.



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