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22 dez 2013 - 18h47

O turno que parecia um campeonato

Em 1976 no campeonato regional, o Atlético é prejudicado e lhe tiram no tapetão um turno inteiro abrindo assim o caminho para o rival ser favorecido novamente como de costume na década de 70. Devido a esta paralização este campeonato somete foi decidido no ano seguinte, 1977.

Começa o campeonato de 1977 parecendo uma continuação do ano anterior. O Atlético se reforça tentando fazer ressurgir o talento de Zé Roberto, mas este sem condições físicas não foi nem sombra daquele jogador que barbarizou no Robertão de 1968. Entra em 2 partidas, é aplaudido pela torcida de pé mas sequer fica por mais de 20 minutos em ambos os jogos, contra o Coritiba e contra o Colorado, no jogo contra o Colorado eu estava na Vila Capanema, Zé Roberto se recuperou da contusão do ATLEtiba e depois de algum tempo fica no banco de reservas, ao se levantar para fazer aquecimentos a pedido do então técnico Geraldino a torcida foi a loucura, parecia um gol, fiquei imaginado que jogador seria este, mas entra e pouco depois tem que ser substituindo colocando um ponto final em sua carreira. Os goleiros eram Altevir e Cicero, oriundos do interior do Paraná vieram Rotta, Isaias e Belga, pratadas da casa eram Alfredo remanescente do titulo de 70, Evans, Catinha, Cezar, Ademir, Flavinho, Paulinho Bolívar e Tadeu, de outros estados e país eram Bira Lopes, Claudio Radar e Arturo que era argentino, um coxa enrustido Claudio Marques e do subúrbio carioca Gilberto, Marinho, Gerson Andreotti e Cabral que chega no meio do turno merecendo um destaque especial .

Irregular até o meio do turno, o Atlético se despede da frustrada contratação de Zé Roberto e muda de técnico, volta o ultimo campeão Alfredo Ramos, “O Polvo” que chega dizendo que as coisas estavam melhores do que 1970, pois o Atlético estava mais equilibrado financeiramente e possuía um elenco maior de jogadores. Reencontra seu antigo líder Alfredo, jogador ao qual foi o responsável por ter deslocado para a zaga e tirá-lo do meio de campo. Faz o mesmo com o jovem Catinha ídolo da garotada, o transfere do meio para a ponta direita e Bira Lopes um grande driblador que pecava pelo excesso é orientado por Alfredo Ramos e começa a distribuir a bola de primeira mais rapidamente e o Atlético cresce de produção com os resultados aparecendo indo firme para a ponta da tabela. Cabral mal chega do Olaria e estreia num ATLEtiba, prova de fogo que deixa a torcida esperançoso, pois ele tinha uma impulsão incrível para o cabeceio e era um brigador. Não faz gol neste jogo que termina empatado, mas é destacado por sua atuação que segue nas demais partidas sempre com o mesmo empenho da primeira . Só que a bola não entra, bate na trave, sai pela linha de fundo, o goleiro pega, o gol é anulado. Chega a ultima rodada do turno com o Atlético na ponta da tabela ao lado do rival. O Atlético vai a União da Vitória enfrentar o Iguaçu precisando vencer e torcer por um tropeço do Coritiba que jogava contra o Colorado, o Atlético empata com o Iguaçu e o Coritiba perdia para o Colorado até os 43 minutos do segundo tempo quando o futuro padeiro dos anos 2000, Aladim empata o jogo. Decisão extra é marcada imediatamente para a próxima quarta feira com os 2 times em igualdade de condições, seguindo empatados no jogo, prorrogação e pênaltis.

Três dias de angustia a espera da decisão, o Atlético não vencia um clássico deste de 1974 pelo estadual e Cabral já reclamava da falta de sorte. O Coritiba estava invicto a 28 partidas e o Atlético não poderia contar com Tadeu, Alfredo, Gerson Andreotti e Arturo, a esperança era Altevir nas penalidades máximas. Estádio cheio e dividido, a torcida do Atlético com sua charanga e pó de arroz faz a festa para o time que entra primeiro em campo enquanto que o Coritiba espera para entrar e utiliza as baterias de foguetes que conseguiu colocar dentro do campo fazendo um barulho estarrecedor, tinham mais baterias para o final, mas estas tiveram que ser devolvida para o Lanza.

Inicio da partida, jogo tenso e o Atlético mais preocupado com a marcação, onde estava a bola sempre 2 guerreiros atleticanos apareciam para a marcação no primeiro tempo. No segundo tempo o Atlético vai se soltando lentamente e com o incentivo e apoio de Alfredo Ramos os jogadores sentem que é possível vencer, mas os lances de gol não são convertidos por Cabral que permanecia no campo. O jogo vai para a prorrogação. Exaustos por toda a campanha do turno e por este jogo, a primeira parte dela não apresentou muitas emoções, mudam-se os lados e o Atlético ataca agora para o lado de onde estava a sua torcida atrás do gol, a curva do estacionamento ou dos vestiários de onde o coxa fica, oposto ao gol da Igreja do Perpétuo Socorro. No primeiro ataque pela direita, Catinha vai à linha de fundo com o vigor dos seus 19 anos e cruza a bola para a área,: silêncio no estádio e Cabral muito antes da bola chegar começa a subir, subir e subir, Vicente fica na sua cintuta e cara a cara com Sérgio Valentim Cabral cabecilha de olhos abertos a bola para o chão com toda a firmeza possível. Entre o toque na bola e ela na rede, houve um silêncio incrível e os segundos pareciam horas para que a bola estufasse a rede da meta de Sérgio Valentim.

GGGGGGGGOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL, Cabral chora ao marcar seu primeiro gol atleticano, não sabia para onde corria se ia para a torcida ou se ia para o banco de reservas que ficava atrás do gol próximo a marca do escanteio e que invadia o campo, as arquibancadas explodiram de tanta alegria com o tão sonhado gol de Cabral no melhor momento possível. Após a festa do gol, faltavam 14 minutos ainda para o fim do jogo e chutões eram dados para todos os lados e a catimba imperava. Quase no fim da partida o ídolo da noite Cabral retém uma bola para atrasar a reposição, Hermes, um jogador que gostava nas horas vagas de cortar cabelo dentro do estádio com as pernas cruzadas numa posição muito feminina, chega dando uma peitada e m Cabral que não se intimida e mostra de quem era a noite é quem era o homem da situação, os 2 são expulsos de campo.

Fim de jogo, Cabral volta ao campo para comemorar chorando copiosamente, o campo é invadido e pedaços das redes são levados como troféu. Um buzinasso varou a noite na Praça Tiradentes e o TipiTi teve que ficar aberto até a manhã seguinte para saciar a fome da torcida atleticana.

Menino ainda estava nestes jogos, vi o triste retorno de Zé Roberto e curti a minha primeira vitória em Atletiba. Não entendia o porquê daquela grandiosa festa e achava que já éramos campeões, mas foi como se fosse, foi à forra da roubalheira do tapetão do turno de 1976 e para a torcida o turno teve um sabor de titulo especial. Lembro-me do TipiTi cheio quando a turma de amigos do meu pai foi saborear alguns X-Saladas perto de onde ficava o antigo Colégio Santa Maria ao lado do teatro Guairá. Neste dia até então foi o dia que fiquei mais orgulhoso de ser atleticano.

20 de julho de 1977
Estadio: Esgoto Pereira
Atlético 0 x 0 Coritiba – Prorrogação 1×0
Juiz : Dulcídio Vanderlei Boschila
Renda : R$ 826.375,00
Publico Pagante : 36.151
Cartões : Marinho (amarelo), Cabral e Hermes ( vermelho)
Atletico: Altevir, Marinho, Gilberto, Belga e Claudio Marques; Rotta, Evans (Flavinho), Bira Lopes (Cesar), Catinha, Cabral e Izaias.
Coritiba : Sergio, Izidoro, Hermes, Vicente e Zé Carlos; Paulinho, Borjão (Caio “ex atleticano vendido”), Alfredo ( João Carlos) , Wilsson, Adilson e Aladim.
Gol : CABRAL a 1 min do segundo tempo da prorrogação.

OBS: Este ano de 1977 Altevir ficou 1.067 minutos sem tomar gol.



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