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6 jan 2014 - 11h38

Brincando com a sorte

Que Petraglia é um grande empreendedor, um grande ‘visionário’, como alguns gostam de lhe chamar, não há nenhuma dúvida. Basta ver o CT do Caju, o estádio mais moderno do Brasil, devidamente derrubado uns poucos anos após construído, o novo complexo padrão Fifa, agora sendo erguido, que evidentemente trará grandes receitas ao clube.

O grande problema de Petraglia, a meu ver, é que ele não gosta de futebol, não entende de futebol e que está pouco se lixando para a torcida, cuja opinião é uma falácia (tudo isso foi dito por ele mesmo, como todos sabem). Como seria bom se o Atlético fosse apenas uma empreiteira, que pudesse fazer as suas obras em paz, sem ter que se preocupar com essa droga que é o futebol.

Outra virtude do nosso Presidente é que o cara tem uma sorte que nenhum outro dirigente esportivo do Brasil tem.Desde o início da sua administração, por inúmeras vezes, montou vários times com jogadores cabeças de bagre, garimpados no interior do Brasil (e aí, além da sua sorte descomunal, devemos dar o crédito aos nossos grandes olheiros) que, aqui chegando, transformavam-se em craques, dando-nos grandes alegrias. Porém, tão logo um time estava formado e ganhava alguma coisa, imediatamente era desmanchado, sob o pretexto de que os atletas valorizavam-se excessivamente e o clube não podia gastar muito com futebol (duvidoso, mas era uma linha que ele nunca abandonou).

Só para ter-se uma ideia da sorte do cara, vamos analisar o finado ano de 2013.Quando o time estava fazendo água, inexoravelmente a caminho da segundona, ele vem com um técnico medíocre, um tal de Mancini. Todo mundo caiu de pau, dizendo que estávamos trocando seis por meia dúzia, que não conseguiríamos siquer permanecer na primeira divisão, etc. Deu no que deu, o técnico acertou o time (com os mesmos jogadores de antes!), transformou-se em um dos melhores treinadores do Brasil e nos deu um ano dos mais alegres deste século.

Pois bem, vamos brincar com a sorte novamente. Mancini está indo muito bem, então, dispense-se o Mancini. Quem precisa de Moraci Sant’Ana,preparador físico ao nível de Seleção Brasileira? quem precisa de jogadores como Éverton, Paulo Baier, Léo? nós temos uma comissão técnica inteirinha vindo diretamente da Bolívia, de onde foi dispensada somente porque não ganhou o famoso torneio abertura (ou apertura, sei lá), daquele importantíssimo país.

O problema é que essa magnífica comissão técnica terá, será a falta de tempo,e de jogadores, pois já estaremos disputando a Libertadores no final deste mês; e aí, me parece que nem a sorte de um Tio Patinhas daria jeito.

Mas, tratando-se de Petraglia,não da para duvidar de nada. Estou aqui doido para estar totalmente enganado e ter que beijar os pés do Presidente,o que farei com o maior prazer, quando ganharmos a Libertadores.

Talvez ele saiba realmente o que está fazendo. O problema é descer do pedestal, esquecer um pouco a prepotência e a onisciência, convocar uma entrevista coletiva e dar as devidas explicações aos seus associados e torcedores. É o mínimo que poderíamos esperar e tudo o que queremos do Presidente.



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