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17 jan 2014 - 12h25

O Coronel e o Artilheiro

Em anos complicados onde a corrupção e o jogo sujo tomavam conta do meio futebolístico paranaense, um atleticano deixa os Pinheiros que ficavam atrás do gol do placar para interromper a farra da roubalheira e da certeza do TRIroubo , por um ponto final à carência rubro-negra de 12 anos sem título e um hiato na vergonheira que dominava o futebol paranaense.

O Atlético em 1970 ainda sofria com a da morte de Jofre Cabral em Londrina, vivia a ressaca da fuga de Zé Roberto e da perda do titulo estadual de 1968 nos últimos minutos de jogo por um erro do juiz Arnaldo Cezar Coelho que além de marcar uma falta inexistente, ainda manda repetir duas vezes a cobrança que resulta no gol de um jogador dopado, além deste triste passado recente muitos problemas financeiros acompanhavam o Atlético naquela época. Com um cenário destes até o atleticano mais otimista se perguntava, como ser campeão? O Coronel Rubens Passerino Moura ao assumir a presidência foi honesto com seus jogadores com relação aos possíveis atrasos de salários e dando a sua palavra de empenho que estava ali para resolver os problemas não admitia que jogadores fizessem qualquer tipo de cena ou corpo mole. Pedia a colaboração de todos os atleticanos para sanear as dividas e o torcedor que quisesse ajudar, poderia fazê-lo nas urnas em bancas espalhadas pela cidade principalmente no centro, o senadinho era o ponto principal, doando dinheiro para a campanha ou se associando ao clube, porém mesmo com todo estes problemas financeiros não abria mão de uma coisa que era jogar os ATLEtibas com mando do Atlético na Baixada em detrimento de uma renda maior no Belford Duarte, estes ATLEtibas foram de fundamental importância para o título de 1970 e para a auto estima do grupo, no primeiro deles Zé Leite entrou para história e no segundo do turno decisivo uma briga generalizada por causa de uma peruca coxa branca, que não era do goleiro Belo e também não foi Cireno quem a arrancou. Nestes dois jogos mais de 16.000 pessoas compareceram na Baixada antiga sem ainda os degraus adicionais que foram construídos no final dos anos 70. Passerino ia fardados e armado nos jogos do interior do estado, e quando o jogo era em Curitiba contra o coxinha, ela adorava ficar no banco de reservas para ficar xingando o Zé Roberto, Passerino odiava a coxarada. Antes do ultimo jogo do grande título em Paranaguá contra o Seleto, Atlético e o coxinha estavam lado a lado e o Rubro Negro na penúltima rodada jogava contra o União Bandeirante na Baixada. Até os 30 minutos do segundo tempo o Atlético perdia o jogo por 1×0 quando um pênalti é marcado para o Furacão. Djalma Santos vai para a cobrança com toda a sua experiência internacional no alto de seus 40 anos de idade, cobra e perde. Restando ainda 15 minutos o Atlético vai a frente a faz 2 gols com Sicupira. Quem presenciava o baixo astral do Atlético naquela época consegue imaginar a importância de Rubens Passrino Moura no banco de reservas naqueles 15 minutos finais fazendo com que os jogadores não desanimassem e que não parecem de lutar mesmo faltando apenas 15 minutos. Já na ultima rodada em Paranaguá, Passerino Moura mandou um recado para a torcida ;que ela depredasse o campinho do Seleto se o arbitro Eraldo Palmerine apitasse mal, mas antes do apito inicial o coronel lhe exibiu o revolver que portava em baixo da camisa vermelha para o arbitro do jogo com garantia. Foi um passeio e uma grande festa em Paranaguá, 4×1. Foi o campeonato da valentia contra a roubalheira ou como Passerino gostava de dizer, Foi o Tostão contra o Milhão. Uma carreta de fuscas e de ônibus da Mercedes-Benz ano 1970 lotava a Serra do Mar com destino a festa na Baixada. Logo após sair da presidência Passerino é transferido para Pernambuco e na volta a Curitiba como torcedor de arquibancada em 1978 afirmava antes mesmo de ocorrer o terceiro jogo final prevendo o que tinha acontecido nas entrelinhas, “Me chamavam de fanático, louco e desiquilibrado, mas se fosse comigo mandava o Diede Lameiro embora no intervalo do segundo jogo por causa de Ziquita”.

Ziquita era um centroavante das antigas, aquele do tipo uma referência na grande área adversária. Chegou no meio da temporada junto com mais alguns jogadores que na grande maioria eram cariocas, o Atlético nunca teve um time com tantos carioca, Gilberto, Marinho, Carlos Roberto, Paulinho Carioca e Lula. O Colorado era o grande time da competição atrás de seu primeiro titulo, até que no dia 05 de novembro de 1978 em um jogo de turno, O Furacão estava com 10 jogadores em campo e perdia para o Colorado por 4×0, restando apenas 15 minutos o Ziquita entra em ação e faz os 4 gols históricos ( aos 30,34,36,43, e aos 44 manda uma bola no travessão) e empata o jogo, o técnico do Colorado pede demissão e o time cai dai em diante ficando o meio título do Colorado para o ano de 1980 e o Atlético cresce permanecendo sem perder e exibindo um grande futebol com Ziquita amedrontando todos os adversários, o time tinha esta base : Tobias, Valdir, Eraldo, Gilberto e Dionísio: Gerson Andeortti, Rotta e Carlos Roberto; Paulinho Carioca, ZIQUITA e Lula. Existiam dois jogadores no grupo, um que pouco era aproveitado o argentino Dreyer e outro que não jogava desde a chegada de Diede Lameiro, Aladim: Chegam os quadrangulares, dois grupos são formados para a fase final com 4 times e o vencedor de cada um dos grupos se enfrentariam em uma final melhor de 3 pontos, pontuação da época. Na chave do Atlético estavam (Colorado, Pinheiros, Maringá e Atlético), O Atlético passa por todos com um grande futebol permanecendo invicto também no quadrangular e “nas finais”, enquanto que o coxinha se classifica no outro grupo que era bem mais fraco. No primeiro jogo das finais, e o Atlético com um futebol maravilhoso não vence por detalhes, era o típico jogo em que se dizia, hoje não era o dia do Furacão, em 10 partidas, o rubro negro empataria 1 e ganharia as outras 9 imaginava a torcida e ainda tinham mais dois jogos pela frente, então era somente questão de tempo segundo os analistas esportivos e a nação atleticana. No decorrer da semana que antecedia a segunda partida muita expectativa na cidade e Evangelino é visto jantando no Madaloso com alguns jogadores atleticanos, não me recordo quais eram, mas com certeza Ziquita não estava em Santa Felicidade. Diede Lameiro que tinha um histórico no Coritiba ao chegar em Curitiba para treinar o Atlético encosta Aladim,( este jogador que chegou ao Atlético e dava entrevistas com uma cara triste no programa “ Viva O Futebol de Dirceu Graeser ”e no ultimo suspiro de sua carreira dizia que jogou apenas em 4 times, o coxinha, Bangu, Corinthians e o extinto Colorado, ao ser perguntado, e o Atlético? Aladim, o Atlético não conta não é time).Porém no segundo jogo decisivo, depois de um longo tempo de inatividade Aladim entra no decorrer do primeiro tempo no lugar de Ziquita, NO LUGAR DE ZIQUITA , para a surpresa da torcida e o Atlético fica sem o centroavante de referência que causava temor aos adversários e praticamente com menos um em campo pois Aladim não fez nada . Na grande final no terceiro jogo, Diede Lameiro sequer leva Ziquita para o banco de reservas e escala no ataque outro jogador de meio de campo deixando Lula para ser o centroavante, o jogador era Dreyer assumidamente coxa branca e que num futuro próximo em 1982 é desmascarado na Máfia da Loteria por vender jogos de futebol que estavam nas apostas, o Atlético não consegue fazer o seu gol. Resultado três jogos com o placar de 0x0. Prorrogação de 30 minutos e continua o 0x0 indo o jogo vai para a disputa de pênaltis. A moeda cai e diz que as cobranças serão na meta onde se encontrava a torcida atleticana, O Coritiba através de Evangelino abre os portões de acesso ao campo antes mesmo das cobranças e a torcida invade o campo ficando parada próximo ao gol de fundos, a cada cobrança o aumento de números de coxinhas dentro do campo vai aumentando e a invasão e as agressões eram eminentes, as cobranças são paralisadas, mas o emocional atleticano com uma insegurança gigantesca por falta de policiamento que ali não eram suficientes e mais as tramoias do Evangelino já tinham acabado com o Atlético. Rotta marca o primeiro, Paulinho Carioca erra o segundo e Lula chuta para fora o terceiro. O técnico Diede Lameiro (LAMEIRO, como cai bem este sobrenome nesta pessoa) sequer esperou as cobranças de pênaltis e disse que já havia feito o seu “trabalho” após o fim da prorrogação, nem escalou os batedores das cobranças tarefa esta que ficou destinada a Dreyer, parece piada, mas não é. O único jogador que pediu para bater o pênalti foi Rotta. Anos depois Evangelino foi questionado como ganhou do Atlético sendo o rubro negro tão superior naquele ano e nas partidas decisivas, e ele afirmava: Ganhei do mesmo jeito que perdi em 1977. Explicando, em 1977 Diede Lameiro , era o técnico do Coritiba que perdeu para o Maringá de Didi e Nivaldo. Começa o estadual de 1979 logo na virada do ano após a trise final de 1978 e Ziquita em 10 rodadas fez 9 gols sendo o artilheiro isolado até aquela rodada.



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