Um Imperador na terra dos acéfalos
Parem as máquinas! Depois de tantas idas e vindas, créditos, descréditos, raiva e uma grande dose de devoção antecipada sendo destilada em nosso meio, eis que Adriano, aquele mesmo, passa a ser, oficialmente, jogador do Clube Atlético Paranaense. Por mais que todo mundo já soubesse, desde a épica vitória sobre o Sporting Cristal, que era questão de dias para as partes formalizassem seus papéis, foi somente nesta terça-feira, 11 de fevereiro de 2014, que uma das contratações mais retumbantes da história do futebol da aldeia, concluiu-se.
Talvez o adjetivo retumbantes, então alocado ao final do parágrafo anterior, possa causar um certo desconforto em alguns. Afinal de contas, basta uma rápida olhada ou oitiva, depende da situação num dos veículos de comunicação existentes na terra onde ainda tem gente que se orgulha das estações tubos do Lerner, e que mastiga um passado não mais existente, e você irá se deparar com tudo, menos isso. A impressão que fica, aliás, é de estarmos diante de um noticiário policial. O disco enroscado, o discurso pronto e vazio a respeito tão somente da vida pessoal do atleta, que à exceção do Paraná e de seus jornalistas, é tido como um dos maiores avantes das últimas décadas, em escala mundial, corresponde ao nível dos comentaristas, analistas, contadores de piada e marqueteiros que dominam os espaços destinados à informação em nossa cidade.
Enquanto que na mídia internacional pipocavam matérias, manchetes e afins a respeito da nova empreitada de Adriano, e de tudo que o mesmo representa para os futebolistas de plantão, uma ilustre rádio local teve a pachorra de botar um ninguém, que nunca ganhou nada, e nunca jogou em lugar nenhum (minto, ele jogou naquele time ali da Igreja do Perpétuo Socorro… Ou seja, não jogou em lugar nenhum mesmo) para aconselhar isso mesmo, aconselhar o novo reforço atleticano.
Em outra estação, um faMoso cOmediante da mídia esportiva local, talvez com saudades do lobby seguido das mordidas em homenagem a verdadeiros pernas de pau que por aqui passaram, reduzia Adriano a uma jogada de marketing do Atlético. E só. Ademais, este mesmo fanfarrão cujo desgosto ao narrar um gol atleticano escancara toda a sua mediocridade questionava se o clube não deveria escalar Adriano para os jogos do Campeonato Paranaense, já dando a entender que jamais o Atlético se sujeitaria a fazer isso, e por consequência valorizar o campeonato. Ao dizer isso, porém, parecia esquecer que o grupo patrono de sua rádio, em cada referência a este mesmo Campeonato Paranaense, nunca, em quaisquer dos seus veículos, menciona a patrocinadora master fomentadora, portanto, do esporte local do certame, qual seja a Chevrolet. E agora, quem é que desvaloriza quem?
Não bastasse o pandemônio generalizado e uma campanha burramente negativa promovida pela imprensa local em relação à Copa do Mundo, as tentativas das vozes por detrás dos microfones, e das mãos por detrás das penas em macular, a todo custo, a imagem do Clube Atlético Paranaense, se perpetuam, dia e noite, sempre que há conveniência, e oportunidade necessárias. Em tempos passados, haviam de renegar a importância do Atlético porque, quem pagava os famosos jantares boca livre, em Santa Felicidade, era um saudoso chinês, ao qual deviam favores e mais favores. Já hoje, insistem em renegá-la por força da cólera que nutrem junto a Mário Celso Petraglia. E sem entrar no mérito, ou tomar partido do não menos idiossincrático presidente, que nesta terça-feira completou o seu septuagésimo aniversário, é óbvio que a birra eterna em relação ao homem, não poderia ser motivo, para uma desmoralização barata do Atlético, e das coisas relacionadas ao clube.
Assim como o outro time da cidade, no ano passado, experimentou da oportunidade ímpar em contar, nos limites de sua realidade estrutural e financeira, com um jogador muitíssimo acima da média chamado Alex, agora é a vez do Atlético fazê-lo. E se não houvesse tanta má vontade, e sobreposição de interesses pessoais em detrimento da informação, todos do jornaleiro ao comentarista envolvidos, e dependentes, desta casta profissional, também sairiam ganhando. Mas não é de hoje que a autofagia é a lei da sobrevivência na terra do lente quente. Fazer o quê?
Pra não dizer que não falei das flores:
Em meio ao contexto sugerido nesta humilde exposição, não poderia eu deixar de registrar o meu desprezo pelas tentativas vãs dos bem intencionado$ setorista$ e âncora$ dos programas de televisão, rádio, e chefia$ nas redações, em diminuir a vitória atleticana no último Atletiba.
Para citar o Coritiba, era regra fazer menção a time alternativo. Já quando era o Atlético que estava na ponta da língua, não se poderia deixar de citar os covardes reforços advindos do time principal grande parte dos quais, tão novos quanto Otávio, Coutinho e companhia. Cinco peças que, somadas ao elenco por eles desconhecido, e mesmo dispensando qualquer prazo para adaptação, ou entrosamento, passou o trator por cima de um time que tinha, lá na frente, o fenomenal Keirrisson que, não sei por que cargas dágua, está lá, e não no Barcelona (interrogação).
Mas, para essas e outras ocasiões, vale aquele velho ditado: os cães comentam, quer dizer, ladram, e a caravana passa. Neste caso, uma caravana vermelha e preta, que se vê cada vez mais ilhada em meio a um oceano de ignorância; mas, que quando consegue dar as suas voltas e encontra um certo time alternativo pelo meio do caminho, passa por cima, sem dó nem piedade.