Obras x futebol
Os torcedores somos todos passionais. Agimos com os nossos corações, deixando quase sempre a razão de lado. É só o nosso time entrar em campo, que esquecemos completamente se temos um elenco medíocre ou um conjunto altamente competitivo e saímos berrando e torcendo como se fosse uma final de copa do mundo.
Passado o calor da partida, no entanto, dá para se colocar os pés no chão e analisar friamente. Nós, atleticanos, estamos com um time que não dará um voo maior do que o de uma galinha. Poderia esperar para falar isso quando o desastre acontecer, mas aí seria taxado de oportunista. Dessa forma, prefiro falar agora, da maneira mais realista possível, mesmo sendo considerado pessimista, profeta do apocalipse, etc.Imaginem se, por acaso, conseguirmos passar para a fase de mata mata e encararmos um Grêmio ou um Cruzeiro, por exemplo, com um futebol que eles demonstraram ontem, o que aconteceria.
Vamos raciocinar. Ano passado, aos trancos e barrancos, conseguimos um treinador que nos tirou do rebaixamento e nos levou à final da Copa do Brasil e à tão sonhada Libertadores, sendo o time considerado, pela imprensa nacional, como a grande sensação do ano, inclusive emplacando três jogadores na seleção do campeonato, seleção essa feita pelos cronistas do eixo Rio/SP.
A lógica, portanto, seria manter a base desse time (obviamente com a mesma vitoriosa comissão técnica), com um ou dois reforços e aí, certamente, estaríamos com um time altamente competitivo, podendo esperar até, a exemplo de 2005, chegar à final da Libertadores, não é isso?
Mas,como manter um técnico que ouse peitar o supremo mandatário? como aceitar que um técnico defenda os seus atletas, quando o presidente do clube entra no vestiário chutando a própria sombra e demitindo jogador em baixo do chuveiro? pé na bunda dele. Fora com esse sujeitinho ousado.Ele já estava mesmo engasgado, desde que tirou Paulo Baier do banco, onde Drubscky teimava em deixá-lo, e promoveu-o a craque do time. Como fazer de um jogador, contratado por outra diretoria, o craque do time? que ousadia.
Luiz Alberto, Léo, Éverton, Paulo Baier, pra que? Um preparador físico como Moraci Sant’Anna, pra que? Nós podemos trazer um teórico espanhol, com larga experiência no futebol boliviano, faltando 20 dias para o início do nosso mais importante campeonato, desde 2005, e ele fará tranquilamente que sejamos campeões da América, mesmo com o elenco desesperador que temos, à exceção de dois gigantes (Weverton e Manoel).
E não me venham com essa balela de que o time acovardou-se no final do ano passado. O time, na verdade, desestabilizou-se pelas intemperanças do nosso presidente, tais como, demito,não demito, demito sim. Ou, como dizia o General Figueiredo, prendo, mato arrebento.
Está claro, para mim, que o objetivo do nosso presidente é fazer obras. Quanto mais obras, melhor. Como seria bom se CAP fosse Construtora Atlético Paranaense. O futebol, como ficou evidente com o desmanche do final do ano passado, é coisa para se pensar daqui a uns dez anos. O que interessa se vamos ser eliminados da Libertadores, ou se vamos disputar a segunda divisão do campeonato brasileiro, se temos um dos melhores estádios brasileiros?
Como seria bom se o nosso presidente esquecesse realmente do futebol e nomeasse um diretor, com autonomia e conhecimento técnico, para cuidar das coisas do futebol. O Presidente poderia tocar as suas obras (a que custo só o tempo dirá) e o diretor de futebol cuidaria do time.Mas, o presidente teria que ter um pouco de humildade e pedir para ser amarrado ao mastro do navio, tal qual Ulisses, para não cair na tentação do canto da sereia. E o diretor de futebol teria que ter, além de profundo conhecimento, personalidade e bom senso para não cometer excentricidades como as contratações de Adriano, Petkovic e Miguel Ángel, por exemplo.
Simples assim. Ah, antes que eu me esqueça, coxa enrustido e viúva de não sei quem… é a mãe!