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16 abr 2014 - 18h52

Quem disse que o Coronelismo é incurável?

Vi por aí a seguinte frase ‘O Atlético terá sérias dificuldades para repor a ausência de Manoel.’ Dificuldades? O Atlético demorará décadas para encontrar ou formar um zagueiro à altura de Manoel. Até lá contentem-se com Drausio, Ricardo Silva, Lucas Alves e Cleberson.

Aliás, vi também que o motivo é que o mesmo foi indisciplinado, que não quer mais jogar pelo Atlético e tale coisa. O mesmo Manoel que, depois da morte do pai, não foi ao velório, entrou em campo pelo Furacão. O mesmo que foi herói no confronto da pré Libertadores, o mesmo que salvou o time por tantas e tantas vezes e encheu o coração do torcedor de orgulho por ter essa muralha lá atrás. ‘Não adianta chamar ele de volta depois de tomar 4 do Grêmio’, avisou o empresário do atleta.

E se o comportamento mostrado pelo jogador e as declarações dadas dizendo que pretende sair do clube é que foram o motivo, tal como informa a nota do Clube, tem um detalhe que me incomoda: Manoel e qualquer outro jogador pouco fala à imprensa, proibição imposta pela própria diretoria. Algo cheira muito mal.

Não acredito que o Manoel teve atos indisciplinados, e que se ele ou qualquer outro jogador que veste a camisa tivesse os feito, a única saída seria afastá-lo. Se uma grande proposta salarial chegou e o jogador manifestou o desejo de mudar de ares, isso já teria acontecido. Sinto cheiro é de pressão ‘Petraglista’: ou pra renovar, ou pra ser negociado. Fato é que nossa nação está furiosa com o fato e que o Seu Manoel tem 500% da torcida o apoiando.

Vi outra matéria que dizia ‘Petraglia cita clima ruim após chegada de Adriano e critica alguns jogadores que acham que são os donos do clube’. Ironia! Na minha opinião só tem uma pessoa dentro do CAP que acha que é o dono do clube. E, afinal, de quem foi a magnífica ideia de trazer Adriano? Tudo bem, depois de Washington, Rodolfo, a torcida acreditou, eu acreditei, ele já vestia o manto, então, o que faríamos? O condenaríamos? Não, fizemos o que nossa torcida faz. Apoiamos. Mas a pior doença é não saber que se está doente, não é Imperador, não é Presidente?

Segundo Mário Celso, Adriano só não saiu antes por causa da Libertadores: ‘Só não tomamos (esta atitude) antes porque estávamos na Libertadores. Determinamos que aguardaríamos até o final da nossa participação. Lamentavelmente, fomos muito mal e perdemos dois jogos em razão desse ambiente.’

Isso mesmo! O Presidente se contentou em participar da Libertadores, apenas participar, depois de uma vaga conquistada à suor e sangue pelo grande time da temporada passada, e ainda disse que o time jogou aquele futebol pobre em razão do ambiente. 2013, insistentemente, jogado no lixo.

‘Portugal não tem culpa’. Quatro meses treinando e comandando a equipe somente* na Libertadores – *regalia que nem um outro técnico teve no Brasil – e não se vê ao menos um padrão tático, quão menos um futebol decente. Se o forte dele era conhecer os times internacionais, e deu no que deu, imagina a competência do Pardal pra entender como os times brasileiros jogam.

Como se não bastasse, Petraglia promete-nos reforços ‘dentro da realidade’ e, ao mesmo tempo, pede 40 mil sócios, enfatizando que ‘quando tivermos 40 mil sócios, não vai ter pra ninguém’.

Ele acha mesmo que com um time sendo desmanchado desde o ano passado a massa vai aderir ao pedido só porque ele vem direto da majestade, a senhoria? Ninguém avisou à ele que a ordem é inversa? Que primeiro você oferece um produto de qualidade – no caso, o futebol – depois a adesão àquele produto vem à tona?

Quando voltarmos à Arena, quando tivermos 40 mil sócios, quando o Saci bater o Usain Bolt nos 100 metros rasos… neste dia o Atlético que tanto esperamos surgirá, aguardem (plantados!).

É o Portugal que não tem culpa, é o Baier que se achava o dono do clube e estava fazendo ‘carteirinha’ pra virar empresário, é Adriano que causou mal estar no elenco, é Manoel que cometeu atos de indisciplina e por tanto, será negociado… é só dedo apontando para todos os lados…

Ao que me parece, Petraglia condena à todos no Clube, mantém alguns no seu terreno de intocáveis, mas não julga à si mesmo, para evoluir na forma de pensar e executar à frente de uma nação.

Este desmanche mascarado de reformulação vem às vésperas de mais um brasileirão (com um primeiro turno jogando todas fora de casa), que promete fortes emoções ao mal tratado coração Atleticano. Resta-nos, ainda, a Copa do Brasil, onde entraremos direto nas oitavas de final não tendo certeza se seremos capazes de aproveitar tal vantagem.

Reconhecer o que Mário Celso já fez pelo Atlético é inerente às críticas e significa respeitar seus feitos. Entregar, porém, o Atlético à soberba de um ditador – que ainda quer expandir o tempo do seu reinado – é auto condenação.

Um homem e seus dois lados. Uma torcida e suas muitas opiniões. A minha é esta: o coronelismo está há muito impregnado na Baixada! Tem cura? Só uma!

E aí eu te pergunto, Petraglia, o que *você* tem ganhado pelo Atlético?



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