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5 ago 2014 - 21h33

Uma estória das Arábias

O xeque Habib Petrakhalifa, emir do Catar, resolveu fazer um time de futebol, naquele país, para um dia torná-lo campeão do mundo.

O diabo é que o xeque Petrakhalifa encasquetou que, para se ter um time competitivo, com reais possibilidades de ser, senão campeão do mundo, pelo menos campeão dos países árabes, primeiro precisaria construir uma estrutura que fosse a melhor do planeta. Afinal, no Catar tudo é suntuosidade.

E assim foi feito. Petrakhalifa construiu um magnífico estádio. Aí viu como era bom esse negócio de construção. Resolveu botar tudo abaixo e fazer tudo de novo, agora muito mais bonito e confortável. O xeque descobrira a sua real vocação: obras. Assim, junto com o estádio, resolveu fazer um magnífico ginásio esportivo, descobriu um teto bem legal para o estádio, que fecha quando está chovendo e abre quando está sol. O time campeão, prometido, teria que ficar para mais tarde. Alah sabe quanto.

Como no Catar tudo é democrático, o xeque resolveu que deveria ampliar o seu mandato em mais um ano, porque senão não daria tempo de fazer todas as obras. Não sem antes, claro, convocar um plebiscito para isso. Um plebiscito esquisito, cuja apuração seria a portas fechadas, mas um plebiscito.

Como o projeto de time grande era para dez anos, Petrakhalifa adotou uma estratégia meio esquisita, mas que funcionava muito bem para que ele pudesse fazer as suas obras. Qualquer um que ameaçasse virar craque no Dohagigante, seria imediatamente banido do time. Assim, quando o time começava a crescer, ameaçando ganhar alguma coisa, era completamente desmanchado.O xeque queria porque queria que no seu time só jogassem cabeças de bagre. Afinal eles teriam dez anos para aprender, não ganhariam nada agora, mas também não atrapalhariam as obras do chefe.

É certo que uma parte da torcida, ou melhor a grande maioria da torcida não concordou com isso. Tem até um grupo muito chato, chamado Amigos do AlWakra, que não deixa o homem em paz, pedindo a toda hora um time que honre a camisa que se veste por amor. Resolveu então o xeque cercar-se de um grupo de fieis escudeiros, quase todos fornecedores do emirado, intitulado Tropa de Hamad, com a finalidade de defender incondicionalmente os desígnios de S.Majestade.

Nas poucas vezes em que o xeque resolve dar explicações aos seus vassalos, diz que eles não merecem o mandatário que têm e os manda catar coquinhos (opa, coquinho, não,esse deve permanecer no time, dado ao exuberante futebol que não joga). Manda mesmo é plantar batatas.



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