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12 set 2014 - 16h23

Gaiolão da Baixada

Como sócio do CAP pude comparecer nestes primeiros jogos na Arena da Baixada. Acredito ser um estádio moderno, sim; um estádio de primeiro mundo, sim; como no cancioneiro popular, “uma casa feita com muito esmero”. Mas há uma série de itens à serem concluídos e repensados, pois trata-se de uma casa ainda mal acabada. O que dizer, por exemplo, sobre a grossa sujeira que está incrustada aos bancos do setor Coronel Dulcídio SUP? Acho um desrespeito para com os atleticanos, sócios ou não, que desde a reinauguração, no mês de maio/2014, ainda não encontraram este setor livre da poeira que, faço questão de frisar, é uma grossa poeira de casa maltratada. Se alguém tem alguma dúvida disso, basta tentar um passeio por este setor e verificar que o que escrevo não é sem razão.

Todavia, creio que será difícil àquele que não está associado junto à Coronel Dulcídio SUP ingressar neste setor. Afinal, dentro de nossa casa estamos fechados em gaiolões negros. Tapumes de madeira que impedem o trânsito da torcida entre os diversos setores do estádio. Uma vergonha sem tamanho! Agora, na nova versão Estádio Padrão Petráglia, os atleticanos não podem girar dentro da própria casa. Só resta lançar alpiste e quirela ao chão, está feito o gaiolão.

Por falar em alpiste, que eu devo estar experimentando nos próximos jogos se Petraglia gostar da ideia, deve ser muito mais saboroso que o cardápio oferecido pelas lanchonetes distribuídas nos limites de cada gaiolão. A ração já está sendo padronizada, salgadinhos chip’s e refrigerante em todos os gaiolões. Padrão europeu? Sim, este é o padrão russo no contexto da Batalha de Stalingrado. Comida racionada, senhores. Guerra é guerra. Nada de pizza, cachorro quente, coxinha, espetinho ou pão com bolinho. Isso é coisa do passado. Agora é cada um no seu quadrado, ou melhor, cada gaiolão com seu ração.

Termino por alertar aos torcedores que frequentam as últimas fileiras superiores dos setores Buenos Aires e Coronel Dulcídio que, na engenharia Petraglia, este espaço está diminuto. Quem tem suas cadeiras nas fileiras mais superiores do estádio corre sério risco de se machucar, pois não há espaço para se mexer. São cadeiras anexadas a outras sem intervalo de espaço algum. E num dia em que seu gaiolão esteja cheio, por favor, não se mexa ao comemorar um gol, pois pode transformar uma simples comemoração num efeito dominó e machucar muitos torcedores. Todavia, a ração distribuída no estádio deve emagrecer muitos torcedores para se adaptarem aos novos tempos. Daqui a alguns meses, creio, isso não deve ser um problema.

O uniforme já temos, só precisamos adaptar nossa dieta às épocas de crise, com a qual já estamos acostumado há anos, e solidificar a idéia de que nossa liberdade é glorificar ao Grande Irmão nos espaços do gaiolão.



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