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11 mar 2015 - 10h57

Como matar uma paixão

Eu já chamei de coxa muita gente que ameaçou cancelar o plano de sócios, já me achei mais atleticano do que tantos outros que já deixaram de ir ao estádio, já me orgulhei de cantar mais do que qualquer um à minha volta nas arquibancadas. Mas o fato é que devo desculpas a todos vocês, eu sou apenas um pouco mais insistente ou um pouco menos inteligente que todos vocês.

Compramos a promessa da copa do mundo, do projeto de autogestão, da autonomia estrutural e o que vimos foi apenas um pequeno grupo de pessoas ficarem (mais) milionários e empurrarem a conta uns para os outros. O estádio veio e toda a revolução que nos alçaria à um patamar diferente ficou apenas na promessa. As cadeiras compradas do filhote são realidade, as estruturas metálicas fornecidas pelos parceiros são realidade, o arquiteto primo é realidade, as negociatas com empresas obscuras como a G3 ‘Low Profile’ são realidade, mas o naming rights é ilusão, o ano do futebol é ilusão, até mesmo o projeto do sub23 que muitos estavam começando a concordar virou ilusão por uma birra política.

Ninguém sabe quanto isso vai custar para o clube, mas para a torcida já está saindo muito caro. Nossas cores estão sumindo, nossa festa está acabando, nossa baixada virou um teatro de horrores, cinza, mau acabado, sem vida, com obras que nunca terminam e nunca ninguém se responsabiliza. A culpa sempre é da torcida, da FIFA, de todos, menos de quem comanda o barco. Agora não podemos nem ter bandeiras, logo proíbem o batuque e os gritos, aí a geladeira fica completa. ‘Não podemos competir com o espetáculo.’ ESPETÁCULO? QUE ESPETÁCULO????

Cansei de sair de casa para passar raiva, o que antes era uma possibilidade agora é uma certeza. Perder para o Foz, empatar com Jotinha, assistir Paulinho Dias, Daniel Borges e companhia, deixou de ser apenas um equívoco, um erro de planejamento, ou uma simples falha. É um extremo desrespeito com o associado, com o torcedor e com a instituição Atlético.

Ver nossa torcida vaiar o time durante o jogo, chamar de “time de merda” e jogar contra, foi a gota d’água. Perdi o tesão, a vontade de cantar e de torcer. Achei que esse dia nunca fosse chegar, mas ele chegou, um a menos nas arquibancadas. Enquanto essa gente estiver por aí, eu não estarei.



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