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17 abr 2015 - 20h26

Palpites e pitacos (completamente amador)

Amigos, tenho uma pequena empresa, pequena mesmo, com faturamento que ainda não chega nos três dígitos. Mas queria contar pra vocês como as coisas funcionam aqui.

Marketing:

Não possuo formação nesta área, mas como base no meu negócio, se eu não tiver um produto bom, eu não vendo pra ninguém, porque não interessa. Não adianta gastar com propaganda. A sede da minha empresa é imponente, chique até. Mas meu produto não tinha boa aceitação e eu precisava vender mais e fazer entrar mais dinheiro. Resolvi aumentar os preços. Imagina só, eu não tenho um bom produto e ainda cobro caro. Mas minha sede fica num bom endereço de um bairro nobre, ofereço café, chá, suco e água, e tem ar condicionado. Aprendi com o passar dos anos que preciso oferecer algo bom para atrair clientes, senão eles não vêm magicamente consumir meu produto ruim só porque sou um cara legal. Mas eu não entendo de marketing, então os grandes executivos que vemos por aí devem estar certos. Só sei que na minha empresa não funcionou.

Administração:

Eu não consigo administrar meu negócio com tanto estresse, difamações, rolos e encrencas. Preciso de tranquilidade para isso. Então mandei minha mãe embora, minha esposa não se mete mais no meu negócio e não tenho mais nenhum amigo, parente distante ou qualquer outro vínculo. Apenas colaboradores contratados e que não tenho nenhum tipo de compromisso emocional, sentimental, afetivo ou de favorecimento. Gente competente e credenciada para fazer a sua parte. Até aquela secretária novinha e gata eu mandei embora porque ela não era boa no trabalho. As coisas começaram a melhorar. Gente competente. Mas eu não sou um alto executivo, então os caras ditos executivos que vemos por aí devem estar certos de novo. Por aqui, agora funciona assim.

Financeiro:

Eu precisava de mais dinheiro. Precisava fazer grana entrar e girar para poder pagar meus compromissos, aluguel da minha sede chique e sobrar algum para a cerveja e o churrasco do fim de semana, mas não estava dando certo. Eu tinha um produto que não era bem aceito. Então, ou eu fechava as portas, ou eu melhorava meu produto e acertava o preço dele. Resultado? Eu tive que tirar dinheiro do bolso para poder ganhar dinheiro. Mas como é ilógico isso, não é? Como vou ganhar se estou tirando do bolso? Assim pensam os grandes executivos que tem por aí. Mais uma vez eles devem estar certos. O burro sou eu.

Só que isso, aqui, funcionou. Eu tirei a grana do bolso e melhorei meu produto, investi em equipamentos, melhorei minha produção e revi meus processos adequando os preços, torcendo para que desse certo e os clientes retornassem. E não é que deu certo? As pessoas e empresas começaram a gostar do produto, consumir e indicar. Olha só! Comecei a ganhar mais e pensei até em começar a comer só picanha e tomar Stella Atois. Resolvi ostentar.

Conclusão:

Então, a trancos e barrancos, aprendi que minha sede não vende meu produto. Ninguém quer produto ruim em embalagem bonita. Melhor é um ótimo produto enrolado em um pacote qualquer, o que importa é o que está dentro. Aprendi que não posso cobrar caro por algo ruim, porque não vende. Não adianta. Aprendi que é melhor ganhar 10% de 1 milhão do que 50% de 20 mil.

Aprendi que preciso investir no negócio, melhorar a produção e adequar custos para oferecer algo bom, diferenciado e com preço razoável, que estimule o consumo. Mas, como disse, eu não sou um grande executivo. Os caras que tem por aí devem estar certos.

Mas por aqui, no meu pequeno negócio, as coisas vão indo bem, viu? Tenho mais clientes consumidores e eles estão satisfeitos.

Qualquer associação ou analogia é mera coincidência e fica por conta e risco de vocês.

SRN.



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