Romantismo impregnado
Eram jogados pouco mais de 10 ou 15 minutos do segundo tempo, não sei. A bola procura Walter na meia esquerda como se fora a noiva com os olhos marejados ao entrar na Igreja. Ela sabe que, ali, encontrará alguém que, pelo menos naquele momento, vai lhe encher de carinho e de afeto. Como um gentleman, Walter traz a noiva, digo, a bola, para perto de si.
Antevendo um bambino que vinha saltitando ao seu encontro querendo lhe tomar aquele objeto, ao qual Walter sabe dedicar tanto amor, o craque não titubeia. Faz o movimento de colher com o pé direito. Joga a bola para cima, tal qual o noivo carrega sua agora esposa para a noite de núpcias, reverenciando aquele momento e homenageando a figura adorada.
Os espectadores, por uma fração de segundos, prendem a respiração e aguardam a conclusão da jogada. Deu certo! O êxtase coletivo é o painel de fundo daquele momento sublime. O noivo, elegante em seu fraque, desfila com a amada aos seus pés. O adversário, sem saber se olha o teto retrátil ou sai à caça do adversário, parece desnorteado.
São por esses momentos que jamais o futebol, com toda a podridão que se revela diariamente, perderá seu charme.
Ao Walter, meu muito obrigado!