26 dez 2001 - 14h04

Leia a coluna especial de Ricardo Campelo

“E cada verso meu será/
pra te dizer/
que eu sei que vou te amar/
por toda a minha vida…”

À inspiração das infinitas palavras de Vinícius de Moraes é que me ponho a escreves estas linhas. Escrever meu amor pelo Clube Atlético Paranaense. O amor que me levou, de ônibus, até o ABC paulista. Amor que me colocou em pé nas arquibancadas de metal do Anacleto Campenela, submetido a cinco horas de vento e chuva, para chorar de emoção com o triunfo do Furacão chegando ao seu primeiro título brasileiro.

A data de 23 de dezembro de 2001 jamais será apagada da memória dos atleticanos. É o momento em que se consolida a transição. O romantismo da lembrança até sugere uma saudade daqueles tempos de dificuldades. Saudade de partidas contra Barra do Garças ou Goiatuba, com a antiga Baixada lotada… Saudade de ídolos de pequeno porte, como Gilson, o “Diabo Loiro”, ou o treinador Zequinha… Do gol de Matosas no banhado de Paranaguá… Mas, o futuro é outro, e reflete-se no presente que estamos vivendo. Temos que partir. Ficou definitivamente pra trás a condição de time de porte médio, ou “emergente”. O Atlético é um Clube Grande, com ‘G’ maiúsculo. Não isoladamente pelo título conquistado, ou pela estrutura que implantou, mas pelo casamento de ambos.

Falei do título e da estrutura, sem citar a torcida, propositadamente. Pois a torcida é pressuposto de tudo isto. Sem a torcida atleticana nada seria possível, e sem dúvida ela merece infinitos méritos. Pela excepcional ajuda que presta ao time dentro do estádio, mas também pela paciência que teve, aguardando o momento da glória. Desde 1995, quando o Clube subiu à Primeira Divisão do campeonato brasileiro, na qual apresentou sucessivos bons desempenhos, esperava-se a hora da consagração. E o momento da recompensa à louvável administração e à presteza dos torcedores chegou. Quem sofreu quando o Atlético foi eliminado em diversas competições importantes, sendo chamado de time do marketing, das ilusões, de “cavalo paraguaio”, etc., pode finalmente relaxar e curtir este prazer de estar no topo. Pode desfrutar das emocionantes imagens e sons da conquista, que a televisão não se cansa de reprisar, ora rendendo elogios à festa dos torcedores, ora enaltecendo o brilhante futebol Rubro-negro.

A sensação é de amor correspondido. A paixão que os torcedores declaram ao Clube a cada vez que as portas da Arena se abrem foi respondida com um título, que coloca o verde e amarelo em companhia do vermelho e preto. Nada mais nobre que o orgulho proporcionado à nação atleticana pela conquista do Brasil. Amor recíproco, casamento perfeito. Uma tônica que o dignifica o atleticano e intriga os demais. Não foram poucas as vezes em que escutamos reações do tipo ‘tudo isto por um time de futebol?” ou “não tem nada mais importante para se preocupar?”. Talvez por despeito, talvez pela simples razão de o amor atleticano ser inapreensível por aquele que atleticano não é. O fato é que se há alguém que perde nesta história, com certeza não é o torcedor do Atlético. Este só tem a ganhar, como ganhou neste último Domingo. Não tenho a menor dúvida de que o natal atleticano foi muito mais feliz que o dos demais.

Se é que é necessário dizer isto a vocês, atleticanos,

Um Feliz Ano Novo!

“Pela trajetória ascendente, fenomenal da equipe.
Pelo esplendor da torcida, ruidosa e pacífica,
retocada de rostos bonitos e saudáveis.
Pela alma vertiginosa da camisa atleticana. (…)”

Armando Nogueira, 26/12/2001

Do campeão brasileiro,
Ricardo Campelo



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