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16 maio 2005 - 17h30

Crise ampla, geral e irrestrita

Devido a fatores amplamente discutidos e conhecidos de todos os apaixonados pelo Furacão, não apenas instaurou-se uma crise sem precedentes no querido rubro-negro, mas também surgiu um enorme racha, ficando a diretoria com um posicionamento, organizadas e simpatizantes com outro, time sem apoio e ainda outra facção da torcida, mais moderada, tentando propor soluções que satisfaçam a todas as partes.

Acima de tudo isso, creio existir uma crise de identidade no Furacão, que pode ser percebida através de inúmeros “sintomas”:

A torcida rubro-negra, antes vibrante, está chocha, parecendo a do falecido Pinheiros;

Nossos jogadores sentem falta de proximidade do apoio e da torcida, coisa realmente inédita em se tratando de Clube Atlético Paranaense;

A diretoria não se preocupa com a opinião da torcida, ou “clientes”, como prefere a diretoria, coisa também inédita e inadmissível;

Surgiram “novos atleticanos”, que não beberam, seja por falta de tradição familiar ou por ter nascido depois da ida para o Pinheirão, na fonte da baixada;

A divisão da baixada em setores diversos, com preços diferentes.

Diante de tais fatores, uma breve lembrança do passado pode trazer à luz o porquê dos problemas vividos hoje pelo Atlético:

O Joaquim Américo nunca teve qualquer tipo de segregação em relação a preços de ingressos. Na velha baixada, as cadeiras só serviam para os familiares de jogadores e para guardar cobertas as cabines de rádio e tv, além de ostentar os dizeres “A Maior Torcida do Paraná”. Todos os outros atleticanos, sejam quem fossem, se acomodavam nas arquibancadas. Vale lembrar que os lugares mais disputados ficavam ao lado das organizadas, Fanáticos e a saudosa “Guerrilheiros da Baixada”.

Desde que estreei em campos de futebol (isso foi em 1977, no 4X4 Colorado e Atlético), a torcida sempre se voltou de costas para o time quando este jogava mal. Portanto é novidade para aqueles que não viram ou não ouviram as histórias.

Xingar jogadores, técnicos e dirigentes sempre fez parte das características do torcida do Atlético. O que era inadmissível, e hoje tornou-se comum, é xingar o time. Jogadores, dirigentes, técnicos, vêm e vão. Mas o time é nosso e o amamos. Ofendê-lo, portanto, é heresia.

Nossos dirigentes podiam ser loucos, incompetentes, o diabo. Mas ignorar a torcida, jamais o fizeram.

Um episódio, contra o Grêmio Maringá, para ilustrar o espírito original da Torcida Atleticana:

Depois da grande campanha de 1983, quando ficamos em 3° lugar no Brasileirão, conseguimos manter alguns jogadores da gloriosa campanha e trazer alguns outros bons. Assim, nossa hegemonia permaneceu, ganhamos o 1° turno e, naquele momento, bastava uma vitória contra o Grêmio Maringá, em casa, para levantarmos o caneco do 2° turno e sermos campeões por antecipação. Era um sábado de Sol, a baixadinha recebeu cera de 13000 pessoas e estava lotada. Lá pelos 20 minutos de primeiro tempo, o time meio apático, devagar, e de repente, 1X0 para o Grêmio Maringá. Primeira reação de toda a torcida: xingar os jogadores. Depois, bater sobre o teto do banco de reservas do Atlético (o banco ficava encostado no alambrado), proferindo as tão típicas ameaças. Finalmente, chutar o portão de acesso ao campo, que na época estava onde hoje são as cadeiras da Getúlio Vargas. Eu, com apenas 10 anos, via diversos homens e senhores, todos de bem e apaixonados pelo Atlético, ameaçando e xingando jogadores e comissão técnica, além de é claro, torcer como desesperados. O time foi para o intervalo, voltou, fez três gols. Fomos campeões, os portões, antes tratados a socos e pontapés, foram gentilmente abertos para que torcida e jogadores se encontrassem. Tudo em paz, muita alegria, atletas nos braços da torcida. Assim era o Atlético, que do rabo do porco fazia uma feijoada, graças aos brios de sua torcida e à valentia de seus jogadores.

As coisas mudaram. As histórias do Furacão, passadas de pai para filho, não são mais contadas. Assim, os novos atleticanos não têm a chance de adquirir a identidade rubro-negra. A título do que muitas chamam “civilidade”, não se pode cobrar nada de jogadores, técnicos e jogadores, para não “magoá-los”. A diretoria, que não respeita torcida, uma vez que a considera antes de tudo consumidor e não torcedor, ignora o que sejam anseios populares, e preferem postura elitista. Os torcedores mais vibrantes e tradicionais se deixaram dominar pelo ódio e esqueceram, portanto, do amor pelo Atlético. Pararam assim de torcer, de cobrar devidamente. Verdadeiros atleticanos, não esqueçam: o time é nosso, assim como é de nossos pais, foi de nossos avós e será, Deus quer, de nossos descendentes. Gritemos, portanto, com ainda mais força, para levarmos nosso time à Vitória e mostrarmos quem realmente somos e nunca deixaremos de ser – a mais vibrante torcida do Brasil.

Reflexão: Antigamente grande parte da torcida, organizada ou não, saía afônica do estádio, devido ao esforço para empurrar o time. Isso acontece hoje?



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