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10 jul 2005 - 23h03

O aperitivo

Nada melhor que um aperitivo para esperar o prato principal. E se este aperitivo é um prato indigesto, é melhor destroça-lo e não comer com o que há de melhor à mesa. Os melhores talheres devem ser reservados à um comida de melhor qualidade.

Assim, quem viu o caldeirão (mesmo fervendo), até que não dava muita importância para o aperitivo que era servido. Uma “coxa” meia crua. Sem sal. Sem qualquer graça. Apesar de indigesto, não oferecia qualquer perigo.

Por isto mesmo, o mestre-Cuca tentou de todos os meios botar veneno no aperitivo. Mas nem todos os seus conhecimentos em gourmert foram suficientes para ultrapassar a criatividade do chef atleticano – basicamente o único a por a colher no prato principal.

Portanto, não deixar sobras sobre o aperitivo, abriu o apetite para o prato principal que será servido tão somente daqui a alguns dias, aumentando a fome do torcedor rubro negro. O tempero que foi adicionado por Antônio Lopes e seu garçon Rodriguinho que colocou Evandro com a conta a ser entregue a um atônito Vizotto.

A verdade é que a primeira vitória do Atlético neste campeonato brasileiro tinha que vir em cima do Coxa, numa arena com 16.344 torcedores espalhados pela primeira vez desde sua re-inauguração em 1999 pelos quatro cantos do belíssimo estádio de futebol. Estava escrito.

Os Deuses do futebol costumam ser irônicos. E já haviam escrito antes mesmo do início do campeonato brasileiro que o Atlético paranaense começaria a sua reação tão somente ao encontrar seu maior rival – que serviria como uma verdadeira arrancada para um ano glorioso na história atleticana.

Um ano que começaria com um título estadual (que já não dava suas caras na sala de troféus rubro negro, no CT do Caju desde 2002), e que começava a angustiar os torcedores atleticanos com 10 rodadas sem vitória do furacão. Mas a primeira vitória viria justamente (e tinha que ser assim) em cima do coxa. Como é gostoso cantar o refrão de “another brick in the wall” do Pink Floyd, na versão atleticana. Nunca a música que é cantada quase como uma canção de ninar aos bebês rubro negros, para que já cheguem à arena sabendo a letra de cor.

É certo que a primeira vitória atleticana ainda não livrou do incomodo 22º lugar, mas restando 31 rodadas, por certo o copeiro furacão passará a ser um time enquadrado no campeonato, com o retorno de seus titulares à competição.

Enquanto isto, nada como um aperitivo como um Atletiba. Jogando apenas para o gasto. Com os reservas. Sem nenhum titular (ta bom Fernandinho jogou), e até com 1 homem a menos, pois Dagoberto (que fez um gol apenas ao colocar os pés na arena, depois de nove meses) não agüentou e saiu antes do fim, deixando os reservas atleticanos com 10 atletas em campo.

Nada como um aperitivo antes do prato principal. Mas agora que saboreamos o aperitivo, o apetite está cada vez maior. E como São Paulo é uma cidade conhecida por sua boa gastronomia, nada como voltar para Curitiba, saciado com o que há de melhor. Satisfeito com o prato principal e quem sabe com alguns quilos a mais na bagagem. Preferencialmente com algumas gramas a mais – o peso de um troféu. De campeão da Taça Libertadores da América 2005. Boa sorte furacão.



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