Tristeza, mas não com o nosso time
Não posso definir como decepção, afinal, como todos sabemos, em palavras de consolo que ecoam em nossas cabeças, nunca um time paranaense foi tão longe. A maior decepção na verdade não foi com o furacão, que, devo confessar, não jogou com toda a raça que eu esperava. Todavia, a maior decepção foi com meus colegas conterrâneos.
Aprendi, com meu pai, a valorizar os times regionais, comumente aqui chamados por qualquer folhetim esportivo curitibano de “co-irmãos”. Mas o que vi hoje, foi uma prova de irracionalidade equiparável com a de nossos adversários, famosos pela agressividade gratuita. Com meu pai, gaúcho, aprendi a torcer pelo internacional (hoje meu 2o. time na preferência, mas um 2o. muito atrás do meu rubro-negro) mas além de torcer pelo inter, torcer por porto alegre, pelo rio grande do sul.
Vi meu pai torcer pelo inter, time dele do coração, em competições estaduais, nacionais, vi ele torcer com paixão, com vontade de ver o time dele campeão, vontade e paixão que hoje comparo com o amor que eu tenho pelo rubro negro. A grande diferença é que, como qualquer time, o inter ganhava, mas também perdia. E quando em competições nacionais, quando o time do coração perdia, ainda assim, eu via não apenas meu pai, como todos os outros gaúchos, trocendo pelo grêmio, juventude, guarani, ou qualquer que fosse o time gaúcho que continuasse na competição, o rio grande do sul inteiro, torcia pelo time de sua terra, e não era uma torcida só de simpatizar, mas uma torcida de acompanhar o time, erguer, vibrar, torcer de verdade.
Após a derrota por 4 para o time dos já-ganhou-ganhei, ainda assim, saí à pé, vestindo a camisa rubro negra, e agasalhado na bandeira do rubro-negro, pela minha vizinhança (moro na Av. do Batel) para comemorar a campanha do meu time, que pode não ter conseguido levantar a taça, mas foi fenomenal, e mais longe que até mesmo do que muitos atleticanos poderiam imaginar no princípio deste campeonato.
O que presenciei? algumas cenas agradáveis, de atleticanos apaixonados como eu, que não temiam a comemoração da excelente campanha, e outras cenas que me decepcionaram, mostrando a autofagia de torcidas do nosso estado, principalmente da nossa capital.
Carros buzinando, comemorando uma vitória que não era deles, uma aparente “vingança pelo clássico” ou até “por não ser o meu time”, pois não conheço carro de são paulino que passa tocando sirenes com o hino alviverde
Deus quisesse que fossem poucos, mas posso garantir que a grandiosa maioria daqueles que me olhavam com a camisa rubro-negra e gritavam “desculpa aí” nada mais eram do que coxas e paranistas (mesmo por que muitos estavam com as respectivas camisas).
Falo sinceramente, se meu rubro negro acabasse por sair de uma competição à nível nacional, eu torceria, pelo coritiba, pelo paraná, pelo londrina, que fosse. Por uma conquista que viesse a destacar e engrandecer o futebol paranaense, o futebol de minha terra. Tantas vezes minimizados pela imprensa paulista, que apóia de forma deslavada os times de seu estado. É tão difícil para esses pseudo-paulistas perceber que se não fosse o rubro negro que estava sendo escrachado pela imprensa paulista e carioca, poderia ser o coritiba, ou o paraná?
Está na hora dos torcedores da nossa cidade, do nosso estado, começarem a ter mais do que estima, orgulho pela nossa cidade, nosso estado. Afinal se nós não torcermos pelos nossos times, não serão os paulistas nem os cariocas que os farão.