5 set 2005 - 11h51

1970, o Título da Raça: Mario Celso Cunha

Se o Atlético é hoje um dos maiores clubes do Brasil deve muito disso ao que foi construído ao longo de seus 80 anos de história. Se hoje a torcida tem a oportunidade de vivenciar um momento histórico fantástico, há algumas décadas a situação era bem diferente. Mais precisamente nos anos 60, quando o clube atravessou um de seus momentos mais complicados. Depois de doze anos sem conquistar um título, o Atlético foi campeão paranaense de 1970 e, com uma conquista histórica, proporcionou uma das maiores festas de que se tem notícia na história do futebol paranaense.

Para comemorar os 35 anos da conquista do Estadual de 70, os sites Furacao.com e RubroNegro.Net publicarão uma série de entrevistas com personalidades atleticanas. Ex-jogadores, dirigentes, técnicos e apaixonados atleticanos revelarão detalhes daquela conquista épica.

A sexta entrevista da série é com o vereador Mario Celso Cunha (PSDB). Ele começou sua trajetória profissional como radialista esportivo e foi setorista do Atlético na temporada de 1970, quando o Rubro-negro conquistou o título. Mario Celso estava no gramado do Estádio Orlando Mattos, em Paranaguá, na partida decisiva contra o Seleto e também acompanhou os bastidores da comemoração, pois voltou a Curitiba no ônibus da delegação. Confira a entrevista com o vereador:

Em setembro, comemoram-se 35 anos da conquista do título paranaense de 1970 pelo Clube Atlético Paranaense. Qual a importância daquele título no contexto em que foi conquistado?
Foi um momento histórico. O Atlético precisava somar pontos nos últimos sete jogos, inclusive fora de casa. Ganhou todos, enfrentando fortes adversários. A final, realizada em Paranaguá, diante do Seleto, premiou a torcida com uma goleada de quatro gols, consagrando um elenco formado por grandes jogadores como Sicupira, Djalma Santos, Zico, Dorval, Liminha e outros valores.

Os mais novos talvez não saibam, mas o Atlético enfrentava graves dificuldades financeiras naquele início dos anos 70. Você lembra disso e de algum episódio que retrate a situação precária em que o clube se encontrava?
O Atlético formou um grande time em 1969, trazendo valores como Zequinha, Gildo, Milton Santos, Muca e tantos outros. Nesta época também contratou Sicupira e Zé Roberto, além de somar com Dorval, Nilson Borges, Julio, Alfredo Gottardi e um número enorme de atletas que já estavam consagrados no futebol brasileiro, caso do zagueiro Brito, do Belini e do Djalma Santos. Foi um grande investimento, em que o clube fez contratações caras, visando o título estadual. O presidente era Jofre Cabral e Silva, que também era o presidente do Santa Mônica Clube de Campo. Com a morte do Jofre, em pleno campo de futebol, na cidade de Londrina, os vices assumiram e passaram a assumir as contratações e tentar colocar a parte financeira em dia, o que foi feito com muita dificuldade. Para tanto, contaram com alguns conselheiros que passaram a contratar com recursos próprios alguns jogadores, caso do Sicupira, comprado pelo vice-presidente Airton Araujo, que depois doou metade do passe para o atleta e a outra metade para o clube.

Como foi a comemoração do título no jogo em Paranaguá e depois, em Curitiba?
A festa em comemoração do título de 1970 foi fantástica. Começou no estádio do Seleto, em Paranaguá, logo após o apito final. Os jogadores choravam no gramado, mas ficaram ali por pouco tempo, pois houve invasão de campo, com a torcida enlouquecida. Nos vestiários todos cantavam e se abraçavam. Foi uma grande festa. À noite a delegação deixou a cidade em ônibus leito. Eu estava dentro do ônibus, junto com o radialista Durval Leal, transmitindo a "subida da serra" e retratando tudo que vinha acontecendo durante a viagem. Djalma Santos veio com a janela aberta e gritando como uma criança. O zagueiro Zico misturava lágrimas de alegria e de dor, já que veio com uma contusão, com gelo na perna. Sicupira e Nilson Borges vieram enrolados numa bandeira do Atlético. Quando o ônibus chegou no local onde hoje está a praça do pedágio, uma enorme caravana de carros aguardava a chegada da delegação. Era foguetório, buzinaços e gritaria. Algo impressionante, pois tomava os dois lados da BR 277. O ônibus foi seguido por centenas de carrros e motos até a chegada na Baixada, quando a explosão foi total.

Naquela época, falava-se muito em uma possibilidade de fusão do Atlético com algum outro clube de Curitiba em função de dificuldades econômicas. Isso existiu mesmo ou é mais um boato?
A conversa de fusão sempre existiu. Desde a época do Ferroviário, Água Verde, Colorado, Pinheiros e Coritiba. Alguns favoráveis, a maioria contra. Com ou sem o título de 1970, a fusão dificilmente sairia do papel pelos inúmeros opositores à idéia.

Você acha que o título de 1970 pode ser chamado de "O Título da Raça"?
Com certeza, o Atlético dos anos 40 foi o Furacão, dos anos 70 foi o símbolo da raça. Nos anos 69 e 70 montou um verdadeiro esquadrão, que unia raça, garra e técnica. O elenco contava com muitos jogadores de seleção.



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