Magnífico
Em fim de temporada, vaga praticamente assegurada para mais uma competição internacional, o Furacão vermelho e preto planeja os próximos passos para novas conquistas. O ex-rival agoniza graças à própria incompetência. Ainda assim, somos obrigados a, em meio a planos e perspectivas, ouvir asneiras de um jumento cabeludo e insano, que mais uma vez me lembra que o futebol brasileiro, salvo raras exceções, é encabeçado por uma corja de mentecaptos quadrúpedes. Em meio a pensamentos confusos sobre as possíveis conseqüências desta reta final de campeonato, hoje, dia 19 de novembro de 2005, pude testemunhar a que ponto se pode chegar com trabalho sério, profissionalismo e visão.
Não quero comparar potencial de mercado ou pib per capita, pois Brasil e Espanha vivem uma enorme distância qualitativa também no futebol. Claro, isso é óbvio, mas o que proponho é uma análise fria sobre o modo como as coisas, no futebol, são feitas aqui e lá. A Espanha só tem os melhores talentos do mundo porque foi o país onde melhor se administrou o “negócio futebol”. Não se trata de uma potência econômica, possui um mercado consumidor interno muito aquém do brasileiro. Os contratos com as estrelas, o marketing envolvido em todas as etapas, o comprometimento com o “cliente” (torcedor) é que fazem a diferença. Não é uma questão de diferenças econômicas, estou convencido disso. A diferença está na competência dos dirigentes esportivos. Quer uma prova disso? Assista um jogo na Kyocera Arena e veja o que o profissionalismo é capaz de fazer com uma “marca” em uma década. Os espanhóis conduzem o negócio de forma parecida, só que com quarenta anos de vantagem.
E onde termina e recomeça este magnífico círculo virtuoso? Em lances e gols como os de Ronaldinho Gaúcho, o “imparável”, o sorridente gaúcho das “embaixadas com a trave” – graças ao patrocinador -, o homem das chuteiras de ouro, no clássico contra o Real Madrid. Magia pura, os fanáticos torcedores madrilenhos em pé, rendendo-se ao talento de um gênio da bola, seu algoz. Vibração, talento, magia… disso é feita uma potência esportiva.
Depois do jogo, ainda maravilhado pelo que acabara de assistir, pensei que ainda há, para nós, uma esperança. Ainda manteremos nossos craques no país, ainda poderemos assistir jogos em modernos estádios, com conforto, apreciando um espetáculo que só os brasileiros são capazes de proporcionar. E como sei disso? Porque o primeiro passo foi dado, há uma década, por um clube que saiu na frente de todos e hoje enche de orgulho sua fanática, apaixonada e vibrante nação rubronegra. Muito em função, também, de um time verde (de raiva) que hoje se dá conta de que deve-se sempre começar com os pés no chão, sem bravatas ou provocações imbecis.
Eles vão voltar ao buraco da segunda divisão, de onde nunca deveríamos tê-los tirado – perdemos a chance de esquecê-los para sempre no limbo da segundona quando perdemos para o Criciúma. E nós, continuaremos olhando para o mundo, aprendendo e seguindo nossos passos firmes em direção à vanguarda e à liderança do futebol brasileiro do futuro.
Salve Ronaldinho, por seu talento! Salve o Furacão das Araucárias, pela busca do futebol magnífico!