Paranaense e atleticano
Não resisti à tentação de fazer comentários sobre o artigo São Paulo é o Brasil?, do atleticano Sérgio Roberto de Almeida.
Inicialmente, gostaria de dizer que o paranismo é o maior sentimento “patriótico” que carrego. Sou brasileiro, sim, e me orgulho muito disso – apesar dos pesares. Entretanto, como vivo no País, não há por que ressaltar meu sentimento de brasilidade. Já o sentimento paranista me preenche a cada instante. Não tenho dúvida: sou paranaense! Daqueles cuja ‘pátria’ se limita à área entre o Paranapanema e o Iguaçu; o Atlântico e o Paranazão.
Como tal, vejo o Brasil e o mundo com olhos paranaenses. Respeito todos os Estados (e até admiro alguns, também porque meus pais e avós são migrantes (e imigrantes). Mas eu sou do Paraná! De nascimento, de moradia, de coração, de sentimento, por opção. E isso para mim é uma dádiva.
Sonho com a consolidação de uma cultura paranista. E entendo que essa cultura seja a síntese da cultura brasileira (pois para cá migraram gentes de todo o Brasil) e até mesmo universal (apenas como exemplo, Londrina abriga etnias de mais de cinqüenta países, de todos os continentes). Portanto, somos a síntese do Brasil e do mundo.
Sou brasileiro, sim. Mas o sentimento sempre presente é o de ser paranaense. Também por esses sentimentos todos, meu clube é o Clube Atlético (dos) Paranaense(s). Poderia ter optado por qualquer um outro, mas o meu coração e os meus sentimentos escolheram o Atlético Paranaense. Essa escolha não ocorreu por acaso, certamente. Deveu-se ao que representa o Furacão. Assim como me sinto a síntese do Brasil e do mundo, percebo que o Atlético é a síntese do Paraná. Do melhor, mais digno, do Paraná.
Acho que, até aqui, somos (você e eu) a mesma pessoa. Entretanto, (peço permissão) penso de modo diferente em alguns pontos. Não posso concordar que a brasilidade dos paulistas (assim como a dos sul-rio-grandenses, catarinenses, mineiros, baianos, cearenses, amazonenses, acrianos) seja diferente ou inferior à minha (nossa). Penso que somos todos brasileiros. O fato de sermos e vivermos nesta ou naquela região, nesta ou naquela cidade, na cidade mais “moderna”, em região com “a melhor qualidade de vida” não nos torna mais ou menos brasileiros, melhores ou piores que os outros.
Além de serem argumentos que podem ser usados por todos contra todos, (inclusive por eles contra nós) me parece nazi-fascista. Não creio que seja um pensamento/sentimento nobre, edificante, que dignifique. Entendo que as diferenças (os sul-rio-grandeses são “diferentes” dos amazonenses; os baianos são “diferentes” dos acrianos) são precisamente a riqueza maior deste País.
Os paranaenses também são diferentes dos paulistas (apesar da história em comum… não nos esqueçamos de que éramos a 5ª Comarca até recentemente… e que a migração de paulistas e a participação deles na colonização recente do Interior do Estado são significantes). Devemos perceber as diferenças e nos orgulhar delas. Mas não creio que elas nos façam melhores (nem piores) do que eles. Nos fazem apenas diferentes. Somos paranaenses. Eles, paulistas. Mas somos todos brasileiros…
Creio que seja precisamente essas diferenças, entre nós, paranaenses, e os paulistas… norte-rio-grandenses, catarinenses, goianos, mato-grossenses… que nos dá a oportunidade de construirmos a nossa cultura paranista. Este é o desafio, desta e das futuras gerações!
Vou “secar” o São Paulo Futebol Clube, sim. Mas não porque é paulista ou “estrangeiro” (do vizinho do norte ou de qualquer outro Estado). Vou torcer contra o São Paulo porque, além de ter sido antipático ao não concordar vir à Baixada na primeira das finais da Libertadores, é um clube que representa a antítese do que representa o Atlético.
Os bambis do Morumbi representam o mesmo que os “nossos” porquinhos: elitista, arrogante, segregador, discriminatório… babaca!
Por isso tudo, vou torcer contra o São Paulo Futebol Clube. E vou torcer contra, sobretudo, porque sou do Clube Atlético Paranaense!