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26 jan 2006 - 16h30

O dia em que os alemães viraram Rubro-negros

Fazer amigos sempre é bom, independente de onde vêm e da língua que falam. Por volta de agosto do ano passado tive o prazer de conhecer alguns alemães que vieram fazer intercâmbio na UFPR, onde trabalho como pesquisador em design.

Meu inglês não é lá essas coisas, e só sei dizer bom dia em alemão, mas isso não impediu que nos comunicássemos (quem tem boca vai a Berlim!). Como bom rubro-negro, perguntei se gostavam de futebol, e se já conheciam algum time de Curitiba. Gostam sim, e muito! Mas só conheciam o Atlético e o Coxa, só de nome. Aí foi a deixa para que eu salvasse mais algumas almas do purgatório.

Vamos arrebanhar estas criaturas para a felicidade Rubro-negra antes que algum pastor alviverde lance mão delas, pensei comigo. Ser Rubro-negro é, também, ter capacidade de persuasão e por que não, uma pitada de marketing não faz mal a ninguém. Disse-lhes do moderno estádio, da torcida vibrante, do grande time, e convidei-os para ir assistir Atlético x Santos, numa bela noite de meio de semana. O grupo aceitou a idéia prontamente, e no mesmo dia fui com um dos alemães comprar os ingressos. Conversamos bastante durante no caminho para o estádio, e com meu inglês improvisado fui descobrindo aos poucos como os alemães são divertidos, simpáticos, e como gostam de cerveja!

No dia seguinte fomos ao templo sagrado, eu, minha filha de doze anos, três alemães e duas alemãs, eles e elas visivelmente entusiasmados à medida que chegavam ao estádio, devido à festa da torcida já na rua. Mas foi quando entramos no Caldeirão que a coisa pegou. Os germânicos até então comportados simplesmente se transformaram, e o que vi foi um grupo de alemães ensandecidos como se fossem Rubro-negros desde o nascimento, cantando alto junto com a torcida, que não parava sentada um instante. Nunca vi um alemão falar palavrão tão alto e tão bem pronunciado, principalmente quando o elogio era para o juiz e sua progenitora. E quando o Furacão marcava um gol e o estádio tremia então? Parecia que eles realmente estavam em casa.

Naquele dia minha felicidade foi completa, pois apesar do Furacão empatar em 3 X 3 com o Peixe, ganhei mais cinco amigos e a certeza de que o nosso Rubro-negro será um pouco mais conhecido lá na terra deles. Foi também a primeira vez que minha filha foi ao estádio comigo, e ela adorou a experiência, jurou amor eterno ao Furacão, falou palavrão alto (fiz de conta que não ouvi pra não cortar o barato dela), e ainda pediu de presente uma camisa Rubro-negra, que com certeza ganhou. Algumas coisas realmente não têm preço.

Enfim, é uma dessas experiências que marca a vida da gente pra sempre, e que fortalece ainda mais nossos laços com o Furacão. E eu nem imaginava que, alguns meses depois, viria um alemão para treinar a gente…

Realmente, os nossos alemães são melhores do que os dos outros.



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