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31 jul 2006 - 21h59

Mulher x Futebol

Dizem que mulher não entende de futebol, confesso que num encontro masculino no Prajá após uma lastimável derrota no Tarumã até me senti acuada, não entendo muito bem os termos técnicos utilizados por eles, às vezes até proposital ou quem sabe uma forma de manter a mulherada fora da conversa, mas entendo de amor, entendo do arrepio que sinto toda a vez que piso na Baixada, entendo da lágrima que insiste em brotar quando vejo o balançar da rede, entendo do que é sair triste na segunda-feira com a língua afiada e muitas vezes, mesmo contrariando minha vontade defender meu time até o último inimigo cansar, entendo o que é chegar em casa cansada, quase sem voz de tanto gritar, mas com o coração feliz e a alma lavada, entendo do pulsar mais forte quando entrou no campo os “Campeões da Copa Brasil” pra enfrentar o meu ATLÉTICO num momento tão crítico.

Confesso que o que vi ontem foi um time jogando com o coração, sempre quando saio de um jogo e vejo que o desempenho foi abaixo da média me pergunto: será que os jogadores têm noção de quantos corações pulsam conectados as suas chuteiras? E a impressão que tive ontem é que eles sabiam.

Há muito não via o meu amado rubro-negro com tanta raça, um forte liame que unia torcida x jogadores, deixamos nossa diferenças pra trás e nos teletransportamos pra dentro do gramado, o Flamengo não deixou por menos, com um número razoável de torcedores, veio pra cima tentando inibir o Atlético e fechando o meio de campo, mas com o tempo nosso time foi ganhando espaço, se entrosando e os lances começaram a sair, não fosse os goleiros Diego e Cléber que fizeram um show à parte, o placar estaria lá em cima.

No segundo tempo o tão sonhado gol, com um passe de Dagoberto que saiu aplaudido pela torcida, Ferreira completou, e a torcida explodiu, explodiu num grito único, entendido pelo mais leigo torcedor, um grito que estava engasgado há muito tempo, pulos, gritos, até lágrimas, nos sentimos vivos de novo, podemos respirar novamente.

Eu particularmente voltei pra casa mais leve, meu coração sorriu quando vi o segurança do campo, acompanhado do repórter entoando o nosso Hino, percebi que mesmo por trás de um uniforme de trabalho Atleticano é sempre Atleticano, percebi que não preciso entender todos os termos técnicos do futebol pra me sentar no Prajá e discutir com meus amigos, já conquistei esse lugar, sou Atleticana, meu coração é rubro-negro com muito orgulho, com muito amor. Sei que não foi o jogo dos sonhos dos atleticanos, seria ilusão pensar que agora está tudo resolvido, temos muito trabalho pela frente, mas pelo menos nosso time nos deu novamente o direito de voltar a sonhar, e principalmente a certeza de que estamos no caminho certo.



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