Ao ler a matéria “Caldeirão agora queima o Altético”, veiculada na Gazeta do Povo pude constatar o desabafo de nosso presidente, João Augusto Fleury, assim como o do jogador Evandro, resultado de um certo descontentamento de nossa torcida.

As políticas pioneiras desenvolvidas pela nossa diretoria, o Clube Atlético Paranaense adotou uma visão do futebol como entretenimento, ou seja, como um conjunto de ações realizadas a fim de satisfazer o consumidor, neste caso torcedor.

Através destas políticas, o torcedor passou a ser considerado consumidor e o futebol passou a ser um produto, o qual é “vendido” diariamente através das notícias veiculadas ou qualquer ação de interação com o torcedor, principalmente a cada rodada do Campeonato Brasileiro.

Ao tratar o torcedor como consumidor, é preciso (antes de tudo) compreender seu comportamento como tal, ou seja, é preciso entender que ele vai analisar custos, benefícios e seu envolvimento com o produto antes de decidir sobre sua compra, e efetuá-la! Esse processo de compra, quando analisado sobre o foco do comportamento do consumidor, pode ser Cognitivo-Afetivo-Conativo no qual o cliente em questão primeiro analisa informações como preço e características, envolve-se com o produto e efetua a compra (ex.: um televisor); pode ser Conativo-Afetivo-Cognitivo no qual o cliente compra o produto, se envolve e então busca informações (ex.: um bolo); ou o processo Afetivo-Cognitivo-Conativo no qual o cliente envolve-se com o produto, para então buscar informações e efetuar a compra, este último é o que mais se encaixa aos ingressos e ao Sócio Furacão.

Para entendermos melhor sobre o assunto, Cognitivo é relacionado a razão, Afetivo a emoção e Conativo a ação, e muitas empresas, hoje, buscam entender melhor o comportamento do consumidor para ampliar suas vendas, além de oferecer ‘soluções’ que satisfaçam a necessidade daqueles que compram seus produtos.

Quando estamos na faculdade, nossos professores sempre nos fazem sonhar longe, ensinando que bons profissionais de marketing devem desenvolver serviços ou produtos que atendam a uma demanda, mas isso só é possível se trabalharmos em uma grande empresa, e mesmo assim essas mesmo estão buscando descobrir como seu produto possa ‘satisfazer’ seu cliente, adequando-o a suas necessidades.

Após essa pequena aula de marketing, o que realmente está ocorrendo com o Clube Atlético Paranaense e a sua torcida?

Na minha opinião, a diretoria agiu certo ao posicionar o futebol como entretenimento, até mesmo para maximizar suas receitas, aumentar seu reconhecimento, mas errou ao comunicar-se com seu cliente mais importante, o torcedor, priorizando informações técnicas e deixando de lado toda a paixão (emoção) presente. Além disto priorizou clientes ‘grandes’ (patrocinadores), esquecendo que sem torcida, não há empresa que pague bem para associar-se a um time com uma torcida que não vai ao estádio. Mas ao ver as últimas campanhas realizadas, consegui sentir uma leve mudança positiva.

Este mesmo posicionamento foi responsável em transformar os torcedores em consumidores, que assumiram seu papel como tal, e hoje reclamam, tudo em conseqüência de ainda entender que um produto deve ser comprado e comparado ao seu preço, e não ao valor de tudo que um jogo do CAP representa. Efeitos desse posicionamento que ocasionam no descontamento do torcedor, que passou a exigir um time condizente ao preço que pagam pelo seu ingresso.

As mesmas reclamações e vaias que ocasionam em um baixo rendimento de alguns jogadores dentro de nossa própria casa, a Kyocera Arena.

Mas se todos têm certa razão, como encontrar o ponto comum para voltarmos a vencer, na Arena e fora dela?

Utilizando de ‘plágio’ de um livro que li quando estava na 8ª série, precisamos encontrar o ‘Caminho do Meio’, a diretoria prestando mais atenção em seus torcedores, sócios e em suas solicitações e necessidades; os torcedores de todos os setores apoiando mais o time, não apenas presentes na Arena, mas em ‘campo’ com os jogadores, motivando-os a cada minuto!

E os jogadores precisam mostrar raça em campo, mostrar paixão e respeito pelo Furacão, e dar o melhor de si em campo para fazer valer a sua titularidade!

Se cada um fazer a sua parte, com certeza seremos campeões!