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30 nov 2007 - 13h41

Do contra

Penso diferente da maioria neste momento: não agradeço ao Alex Mineiro (agora). Já agradeci em 2001 e muito, embora aquém do que devia em face do quanto ele merecia. Sem ele, certamente não teríamos sido campeões brasileiros, o que é sempre redundante falar. Não gosto do óbvio, mas pelo que vou esplanar agora, faz jus nesta introdução a pleonástica.

-“Alex Mineiro: te desejo toda a sorte do mundo, pra onde quer que você vá. Não vim te agradecer por 2001, afinal isto já foi feito naquela época. Mas, sincera e infelizmente, não vou te agradecer por 2007”.

Fundamentação: temos que nos adaptar no tempo (atualização), que hoje é outro; talvez e provavelmente, eu tenha sido o Atleticano que mais ficou e está até hoje indignado e revoltado com o que fizeram com este jogador neste campeonato. Atacado violenta e covardemente, por tabela atingiram o Atlético, conseqüentemente a todos nós: exterminaram o craque do campeonato, tirando nossa participação na Libertadores, o que seria inevitável, para contragosto de gaúchos e paulistas.

Escrevi, falei, escrachei com o animal gremista. Fui no jogo, fiz coro com a torcida, mudamos aquele jogo, tiramos a Libertadores deles ali, xinguei, ele escutou: lavei a alma, mas não consegui reparar o dano que nos causaram.

Abracei a causa do Alex: tomei ódio pelo Grêmio (o qual já não gostava, pois morei lá e sei muito bem o que aquele povo acha da gente); ódio pelo que fizeram com ele como ser humano.

E não adianta falar de árbitro, CBF nem o escambau, pois nenhum deles é maior que a lesão sofrida e também porque nada seria capaz de reverter a situação à altura de sua gravidade: ou se fazia o mesmo com o Tcheco na pracinha do Atlético (multifraturar o seu rosto de boneca ruim de bola) tipo Lei de Talião, ou se afastaria ele pelo mesmo tempo que Alex ficou fora (lei mexicana), além de aplicar-lhe uma multa mensal correspondente ao salário do Alex. Era o mínimo que se podia esperar. Mas não se pode esperar o mínimo desta CBF. Muito menos de um árbitro igualmente covarde, co-autor naquele delito.

Minha profissão me permitiu ter mais ciência do que foi a dor do Alex, a dor física, imensuravelmente maior que a profissional. Eu senti aquela dor, de uma outra forma é lógico, mas ela refletiu em mim. Fraturada minha esperança, com solução de continuidade, de imediato já previ que o time ia decair, ainda mais com um técnico covarde, substituído por outro técnico, cadáver. A sorte estava lançada: e como depender da sorte, se ela não existe?

Passado. 2007 já é passado. Ele não tem obrigação nenhuma de ficar aqui. Disseram que ele desejaria. Quando foi embora pela primeira vez, foi por um motivo plenamente aceitável, em face do momento e do mercado: grana.

Mas…e agora, caro leitor: “tudo outra vez?” Grana de novo? Mais grana? Grana para quem? Pra ele ou pro peixinho prateado que quer ficar dourado que o acompanha? Já não foi o suficiente o Japão? Nos outros times, será que não recebeu nada? Quer mais ainda? Sabe quanto eu ganho por mês? Ou quanto ganham os “quem não pediu que me pida” sorveteiros no estádio?

Aonde está o parâmetro financeiro para seu “novo” salário: no padrão do Chelsea ou do Paraná Clube? Por enquanto, especulatoriamente, será que será este salário muitíssimo maior do que o Atlético já lhe ofereceu para continuar em 2008?! Mesmo porque – independentemente das razões pelas quais – ele praticamente não jogou este ano aqui, como todos nós gostaríamos de ver, até ele.

-“Não, Alex Mineiro: agora eu não lhe agradeço.”

Tivesse ele um pouco de consideração pelo Atlético, por tudo o que este clube fez por ele, pela projeção que lhe deu, pela importância que tem para sua torcida, permaneceria aqui. Salário aumentado, o que custava ficar? É ruim receber em dia? Vai pro Palmeiras ou Fluminense ver como é que é.

Este Sr. não tem a devida noção do que representa para nós. Não sabe o que é alguém se tornar um ídolo na Arena da Baixada. Acha, assim como outros desgarrados daqui, que será a mesma coisa em outro clube: “só sucesso!” Tipo “vim fazer história aqui no São Paulo”, como disse Regoaberto.

A vida é um pouco diferente, sir Alex. “Mais”, não significa todas as vezes “melhor”. Mas eu, eu tenho consideração ao seu passado, por isto, abro a porta e levo sua mala até o táxi.

-“Mas não te agradeço, Alex Mineiro. Não desta vez.”

Agradeço sim à diretoria do Atlético, que fez o impossível para manter seu salário em dia este ano e pela nova proposta que lhe fizeram esta semana: mas ela não foi suficientemente grande para que ele pudesse demonstrar pelo Atlético todo o carinho e respeito (retribuição) que a nação rubro-negra teve por ele ontem e tem por ele hoje.

Vai, mas não volte. Que volte o Kléber (sem Pereira). Este sim reconhece: ganhou sua primeira ponte móvel aqui. Este sabe o valor que isto tem.

Sem mágoas, mas com um aperto no coração, te digo adeus. Quem sabe se você ficasse, todos os nossos revéses de 2007 fossem vingados em 2008. Porque aqui você conhece onde está e o quanto torcem por você. Mas lá, meu amigo, lá é outro mundo. Outras cores. Outros corações, que ninguém sabe o que vão sentir se você se machucar. Comparados a nós, serão no máximo indiferentes.

Mas o Atlético não te vale mais a pena, Alex. Este é o meu maior consolo. E como conselho, te digo, vai, mas vai sem a pretensão de fazer história. Isto, a vida te dirá que só era possível fazer aqui, quer dizer, continuar, ou melhor ainda: escrever, mas somente aqui.

Felicidades.



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