O Atlético grande como nos meus sonhos
Para que sejamos grandes não precisamos e não devemos nos esquecer do passado, da nossa história que nos permitiu chegar até aqui. A mim, parece muito simplista o argumento de que questionar ou criticar significa querer voltar ao pior do passado. Não é porque eu tenho saudades da Velha Baixada que quero voltar a sentar nas arquibancadas de tijolos ou a comer pão com bife.
Mas eu tenho saudades, e muitas, do Caldeirão daqueles tempos. Tenho saudades daqueles tempos que se colocava o Atlético acima de tudo. E que se torcia sem se medir esforços, mesmo sabendo das nossas limitações. Mesmo sabendo que os Atletibas eram os jogos das nossas vidas e que provavelmente perderíamos. Mesmo sabendo que teríamos mínimas chances de vencer o campeonato. Mas estávamos lá, firmes e fortes, simplesmente por sermos apaixonados. Sempre acreditando que um dia chegaria a nossa vez. Que um dia o Atlético seria do tamanho dos nossos sonhos mais loucos.
E esse dia chegou no ano de 1995. Demorou 71 anos para que o nosso Atlético começasse a aparecer para o Brasil e para o mundo da maneira com que sempre sonhamos. No início, nem poderíamos imaginar que iríamos tão longe. Que a nossa Baixada de tijolinhos idealizada por Joaquim Américo Guimarães se tornaria o estádio mais moderno do Brasil. Que a nossa camisa que como disse Zinder Lins, só se veste por amor, estaria na Cápsula do Tempo e que nela haveria uma estrela amarela bordada nos enchendo de orgulho.
Um dia a história foi mudada. E quando isso aconteceu nos foi mostrado que o Atlético poderia ser do tamanho dos nossos sonhos rubro-negros. E nós, atleticanos orgulhosos como sempre fomos, não apenas acreditamos, como embebidos em nossa paixão, compramos a ideia. Porque se existe no mundo uma torcida que sempre acredita, por mais impossível que possa parecer, essa torcida é a nossa.
Acreditamos no que nos foi mostrado, que o Atlético pode sim ser maior do que imaginávamos que poderia ser naqueles tempos de vacas magérrimas. E se sabemos disso, é simplesmente o que queremos, que o Atlético seja o melhor que puder ser. Que seja campeão de tudo e mais um pouco. Somos pretensiosos mesmo. Ainda mais porque alguém nos disse um dia que esse era o objetivo. E que a partir daquele dia, jamais seríamos humilhados novamente como fomos naquela tarde no Couto Pereira.
É apenas isso que eu espero. Não chorar novamente como chorei naquele dia. Não ter que rezar desesperadamente por três anos consecutivos para que o Atlético não esteja na Zona de Rebaixamento, quase caindo para a Segunda Divisão. Que eu não tenha que voltar aqueles tempos em que a única coisa que o Atlético tinha era a paixão da sua torcida. Que eu não tenha que passar anos e mais anos sem poder gritar: É campeão! Que eu não tenha que me contentar em ganhar um Atletiba de vez em quando.
Eu só quero o que me prometeram: o Atlético grande como é nos meus sonhos. Se por acaso não conseguirem cumprir o que me prometeram, deixem a vez para outros, por favor.