Algo de muito estranho está acontecendo com o comportamento do torcedor atleticano, principalmente neste espaço. A postura e o discurso dos atleticanos estão tomados de uma veemência viperina, perniciosa, populista e mal educada. O exagero tomou conta desse canal de comunicação dos torcedores. Truculentos pavões sobre palanques imaginários descem a lenha amiúde com frases de efeito e portentosas cornetas nas mãos.

Não fosse eu já ter me convencido de que acho gasta, batida e espezinhada essa história de “teoria da conspiração” e seus afins, diria sim, que há alguém mexendo os pauzinhos pra que as coisas estejam assim tão violentas.

O elenco não é o que queremos. Verdade! E estou tão certo disso que arrisco aqui dizer que não há um único atleticano (inclusive a atual diretoria) que esteja satisfeito com o time. Mas aí há, em relação às críticas, os comedidos, os revoltados e os pavões (que abrem o rabo pra aparecer mais, chamar a atenção usando palavras de efeito e abusando das exclamações). Ano passado, quando Claiton e Ferreira, os dois melhores jogadores do elenco, foram vendidos durante o campeonato, não vi tantas e efusivas críticas quanto agora. Estranho.

O Geninho não é o melhor técnico do Brasil. Verdade! Não é! Eu sei, ele sabe, a atual diretoria sabe e todos os torcedores atleticanos e do Brasil sabem disso. Na minha opinião, é um técnico do segundo grupo, entretanto ele é o Geninho, campeão brasileiro de 2001, nosso maior título. Não há a menor chance de se tirar a importância dele nessa campanha. Da mesma forma que não reconhecer o que ele fez ano passado, resgatando o mesmo pífio time do fundo do buraco e colocando na Sulamericana, é ridículo. Principalmente se vier de um torcedor atleticano. Lamentável, indignante e frustrante. Geninho não é unanimidade e nem eu quero que ele seja. Mas ele merece o respeito de todos nós, e se todos descem a lenha no elenco, no fraco escrete atleticano, qual a culpa do técnico? Ele erra e acerta como qualquer pessoa, mas o principal é a identificação com o clube. Vociferantes revoltados de plantão disseram que ele veio ano passado pelo dinheiro. Isso é mentira. É sabido que veio com um salário inferior ao que costuma pedir. E independente disso, são raríssimos os técnicos que pegam uma bomba pra ficar com o estigma de um time que caiu pra segunda divisão. Ele veio. E mais! Conseguiu mais do que havia se proposto, que era apenas salvar o time do rebaixamento. Por isso lamento muito ouvir as vozes da ingratidão. “Obeso Geninho”? Li isso aqui no “Fala, Atleticano”. Preconceito, desrespeito ou o que? O torcedor não tem obrigação de gostar do trabalho do Sr. Eugenio, todavia, respeito é imprescindível. Os limites estão sendo escancaradamente ultrapassados, e irracionalmente.

A diretoria não é a melhor. Pode ser. Talvez não seja. Eu não votei nesta chapa, mas, de qualquer forma, nunca vi ninguém resolver nada em 3 meses. Principalmente se levarmos em consideração que essa chapa tem 3 anos. Ainda mais se ponderarmos que há 3 anos foram feitas tentativas que não deram certo. “Traidores!”, traidores do que? Que traição? Gente comentando coisas que são muito mais profundas do que temos noção. Sem embasamento, sem fundamento, sem conhecimento de causa, sem criatividade, pelo menos. Onde está o problema? Onde está a justificativa em tanto ataque? As administrações anteriores montaram times sensacionais para o Paranaense? Crítica não é sinônimo de agressão. E tem gente que tumultua porque vislumbra o caos como solução.

Novamente repito: o exagero tomou conta desse canal de comunicação dos torcedores. Truculentos pavões sobre palanques imaginários descem a lenha amiúde com frases de efeito e portentosas cornetas nas mãos. Tem gente querendo plantar o caos por aqui, e me parece tácito isso. Haja vista as barbaridades que pipocam em profusão nesse espaço.

Alguns por inocência se deixam levar pela necessidade da imprensa em fabricar manchetes, principalmente depreciativas manchetes rubro-negras. Por acaso ninguém aqui já ouviu falar da anciã dívida coxa? E por acaso alguém já viu a imprensa local falar dessa dívida e fazer o alarde que fazem com nossas notícias? Todavia, outros por puro oportunismo, ou, quem sabe, má vontade, expressam suas impressões nocivas como se tivessem encontrada a verdade irrefutável e a solução inequívoca de tudo.

Há algo de podre em tudo isso, mas pra resolvermos isso, somente poderemos contar com os atleticanos de bom senso, que prós, ou contras, percebam que o ambiente tem que ser de torcida, de apoio e de comedimento, e que essa banalização de rompantes e cornetadas dispensáveis vai nos derrubar.