24 jun 2009 - 10h08

Projeto ousado de Petraglia superou desconfiança

Se há a máxima de que todo grande time começa por um grande goleiro, podemos dizer que todo grande clube começa por um grande estádio. Foi com esse pensamento que, em 1997, Mário Celso Petraglia resolveu erguer um novo estádio para o Atlético. A Baixada de tijolinhos já havia passado por reformas e mais reformas e chegou até a ser abandonada. O Atlético tentou transformar o Pinheirão em sua casa, mas acabou retornando ao antigo Joaquim Américo, que atravessou novas reformas e chegou até a receber arquibancadas tubulares.

O destino quis que o garoto Marcelinho fizesse o último gol na antiga Baixada, já sem as arquibancadas móveis e com a curva ao lado do famoso "Farinhacão" sendo derrubada, em um jogo contra o Matsubara numa quinta-feira à noite. Foi o último suspiro do estádio mais antigo do Paraná.

Surgia, depois disso, o projeto de construção da Arena da Baixada. O objetivo era ambicioso: construir o mais moderno da América Latina. Com direito a bolo comemorativo, maquete e lançamento de uma bela camisa prateada e do Projeto Atlético Total, o Furacão ia ao encontro ao sonho de toda sua nação.

A partir daí, uma verdadeira procissão de atleticanos passou a dar seus palpites na obra, verificar o andamento passo a passo e a jogar conversa fora, criando uma versão moderna da tradicional Boca Maldita. A movimentação era tão grande, a curiosidade tão à flor da pele, a paixão tão intensa que mereceu uma atenção maior por parte do clube.

Em mais um ato criativo, a diretoria resolveu vender as pedrinhas que haviam sido retiradas das paredes e arquibancadas da Baixada. Para completar, foi criado um mirante, seguro, alto, bem na entrada da Rua Buenos Aires, para que todos pudessem acompanhar as obras.

O tempo foi passando e a expectativa, aumentando. O Campeonato Brasileiro de 97 ficou para trás e o time enfrentou dificuldades após a venda de seus principais jogadores da bela campanha de 1996. Em 1998, veio o título estadual em cima do Coxa, após 8 anos de espera, mas um Brasileiro inconstante e problemas financeiros fizeram o torcedor começar a achar que o sonho estava muito longe de tornar-se realidade.

Desde o lançamento do projeto, pairavam muitas dúvidas sobre a viabilidade do projeto. Tudo que o Atlético queria era ter um estádio com a funcionalidade da Amsterdam Arena, do Ajax, e a proximidade com o campo, a mística do Old Trafford, do poderoso Manchester United. E construir isso com suas próprias forças, sem a ajuda de instituições financeiras, nem de grupos estrangeiros, que começavam a desembarcar no Brasil.

Aos poucos, com calma, muita paciência e perseverança, os homens que guiavam o destino do Atlético foram cimentando e erguendo a monumental Arena da Baixada. A movimentação de torcedores aumentava e reuniões no caldo de cana em frente à Baixada deram origem ao grupo "Amigos do Mirante", verdadeira confraria e marca indelével da paixão do atleticano pelas coisas do time. Tudo em nome do Atlético.

Quem nunca faltou uma aula, "matou" algum parente, esticou aquela ida ao banco ou simplesmente desmarcou o que tinha a fazer para dar uma espiada nas obras? Talvez somente quando o engenheiro Luiz Volpato e o então Diretor de Patrimônio Ênio Fornéa Júnior divulgaram que, após 526 dias de obras, quase três meses após o aniversário de 75 anos do clube, a nova Baixada poderia ser entregue ao povo atleticano.

O começo da venda de ingressos foi uma loucura. A cidade se movimentava em torno do grande acontecimento marcado para o dia 24 de junho de 1999. A Baixada, já de pé, recebia a visita curiosa e apaixonada do torcedor atleticano, empolgado com uma obra tão linda e perfeita. E chega o grande dia, a inauguração, contra o Cerro Porteño, tradicional equipe do futebol paraguaio.



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