Os donos da verdade… ou os gênios da bola!
Não dá pra aguentar!!! Todos os dias, em qualquer site esportivo de relacionamento lá estão eles, “os donos da verdade” ou seriam “os gênios da bola”!?!? Gente sem nenhum conhecimento sobre a matéria, criticando, oferecendo “soluções mágicas” completamente sem viabilidade, muitas vezes em mensagens gratuitamente ofensivas dirigidas a dirigentes e colaboradores de qualquer clube do futebol brasileiro. Até pouco tempo atrás este tipo de coisa era limitada aos papos nas rodas de torcedores, hoje, após o evento da internet, uma legião de “colunistas”, “blogueiros”, etc, comunica-se com milhares de pessoas e passam a formar a opinião daqueles que, por estarem lendo este tipo de matéria na web, consideram seus autores “especialistas do assunto”. Sem qualquer preocupação em buscar informações sobre a realidade da administração do futebol, suas fontes de receitas, sua legislação, as interferências dos diversos organismos que regulam o esporte, os orçamentos cada vez maiores, as graves distorções regionais existentes nos mercados esportivos e publicitário brasileiro, etc, etc, sentam em frente a computador e escrevem barbaridades que acabam batendo como verdade nos ouvidos da massa torcedora. O mais absurdo é que o instrumento usado para divulgar estas matérias pode facilitar a busca de informações mais precisas sobre o assunto, mas, isto parece não interessar aqueles que tudo sabem. Pra piorar, significativa parcela da mídia especializada, que por obrigação e profissionalismo, deveria esclarecer sobre a verdade dos fatos, muitas vezes, é mais irresponsável ainda repercutindo o conteúdos destas manifestações amadoras que desencadeiam até reações absurdas como aquela acontecida, recentemente, nos vestiários da Portuguesa de Desportos.
Falando especificamente sobre o nosso Furacão, independente das diferenças políticas/filosóficas/administrativas (conceitos estes responsáveis pela grande virada dada pelo Atlético Paranaense) existentes e do fato que fui, com muita honra e satisfação, membro da diretoria de Mario Celso Petráglia (pesadamente criticado até hoje talvez pelo “pouco” que fez pelo Atlético Paranaense), percebo que as críticas e ofensas dirigidas a diretoria atual são feitas da mesma forma irresponsável descrita acima. O pior, os autores muitas vezes se repetem, criticavam antes e criticam agora sem a menor preocupação com a verdade dos fatos e a razão existente para que certas decisões sejam tomadas. Se não há contratações, “pau”, se contrata-se, “pau” (os “genios” sempre sabem qual contratação certa deveria ter sido feita) se investe-se em patrimônio, “pau”, se não, “pau”. Estes dias li matéria cobrando a demora na negociação do novo contrato para o “namig rigths” da Arena e lembrei do bombardeio de críticas dirigidas a diretoria anterior quando esta realizou a venda do mesmo produto ao Grupo Kyocera. Chegaram a nos acusar de maus atleticanos e que estávamos “vendendo a alma do Atlético”.
Falando em contratações, imaginem se no início do ano o Atlético anunciasse as chegadas de Val Baiano ( hoje no Barueri e um dos artilheiros do Brasileiro 2009) e Marquinhos(atuando pelo Avai considerado o melhor armador da competição), provavelmente seriam tratados como foram Crhistian e Jorge Henrique (campeões Paulistas e da Copa do Brasil pelo Corinthians) praticamente escurrassados de nosso Furacão. Cobra-se um goleiro com mais experiência e arrojo, Viafra estava conosco e não jogou por puro preconceito. Com pouquíssimo esforço listaríamos aqui uma série de revelações, que com muita dificuldade foram trazidas ao clube e em função desta nova maneira de “torcer” não tiveram oportunidade de firmarem-se no clube, mas, hoje são muito bem sucedidos em outras agremiações. Um questão para refletir! Flavio, Adriano, Lucas, Cocito, Gustavo, Kleber Pereira, Alex Mineiro, Alessandro, entre outros teriam se firmado como grandes atletas se nossos “gênios de plantão” já agissem naqueles tempos?
Estes são exemplos usados apenas para ilustrar meu pensamento sobre aquilo que julgo ser o verdadeiro sentimento de torcedor. Quando optamos por um clube de futebol – na esmagadora maioria influenciados por nossos pais – aprendemos também este sentimento de amor e fidelidade pelo “nosso time”, coisa única e só realmente compreendida por quem gosta deste esporte. Alguns de nós acabam indo um pouco além e tornam-se dirigentes (no Brasil o número de dirigentes profissionais ainda é pequeno e por questões culturais, mesmo os profissionais, acabam desenvolvendo seu trabalho no “clube do coração”) dedicando parte do seu tempo a administrar a “sua paixão”. As grandes dificuldades – uma pequena parte descrita acima – tornam esta tarefa cada dia mais difícil, mesmo, assim continuam a existir torcedores sempre capazes de enfrentar o desafio. Pois é contra estes “dirigentes torcedores” que se dirigem os tais “especialistas” como se alguém propositadamente assumisse a direção do clube de sua preferência para torná-lo um perdedor. É claro que os erros acontecem – só comete erros quem tenta acertar – mas, nada justifica o conteúdo estúpido, vil e calhorda que a maioria dos textos publicados contem. Seja lá quem for o dirigente merece o mínimo respeito pois trata-se de um torcedor que teve a coragem de assumir a condução de uma tarefa das mais difíceis. O absurdo é tamanho que algumas destas matérias põe em dúvida a honestidade das pessoas – que eles mal conhecem – dispostas a dar seu tempo pelo clube, duvidando da boa intenção de alguém capaz de aceitar o encargo sem pensar em levar alguma vantagem! Só posso pensar que este tipo de análise é fruto da mentalidade desonesta,destes sim, que se oportunidade tivessem se aproveitariam do cargo apenas em benefício próprio.
Evidente que o torcedor tem o direito da crítica, mas, a maneira como isto tem acontecido é completamente equivocada nestes tempos de internet. Cabe a nós torcedores apoiar as iniciativas do “nosso” clube e contribuir para seu crescimento, apontando sim eventuais erros, e até propondo soluções através de fóruns adequados de maneira responsável e competente. Nós atleticanos temos que tomar consciência que a luta com os principais centros do futebol brasileiro é cada vez mais desigual.
Rio e São Paulo possuem uma força de investimentos publicitários cada vez mais poderosa. Minas Gerais e Rio Grande do Sul trazem um componente de participação popular, em qualquer iniciativa, historicamente, muito grande. Nós paranaenses temos todas aquelas dificuldades conhecidas; uma colonização recente, falta de identidade com as coisas da terra e pior, o famoso “complexo de vira latas” responsável pela quase doentia desvalorização de tudo o que é local, inclusive o futebol. Criticar é preciso e é no exercício da crítica que as coisas evoluem, desde que de maneira responsável , justa e civilizada. Ofender, levantar dúvidas absurdas contra tudo e todos, exercitar a inveja e o rancor só contribuem para dificultar ainda mais o que já é difícil.
Tenho uma sugestão para estes “donos da verdade”. Organizem um fórum de discussões – ao vivo, internet é muito fácil – e produzam um documento com sugestões para a administração do Atlético Paranaense. Mas não vale apenas diagnóstico! Produzam um documento bem feito (existem inclusive empresas para podem auxiliar na formatação deste tipo de documento) propondo soluções exeqüíveis para tudo aquilo que voces tanto criticam, tenho certeza que será muito bem recebido pela diretoria do clube.
Mauro Holzmann, diretor da Traffic Sports, ex-diretor de Marketing do Atlético Paranaense.
Em tempo: no momento em que finalizava este texto confirmou-se a contratação do atleta Edno pelo Corinthians, outra vítima dos “gênio da bola”.