23 dez 2011 - 3h01

Alessandro: “A torcida fazia da Arena um Caldeirão”

Quase ninguém se lembra, mas o Campeonato Brasileiro de 2001 ainda estava na segunda rodada quando o lateral-esquerda Alessandro afirmou que o Rubro-Negro estaria nas finais daquela competição. O motivo daquela declaração que acabou se concretizando aconteceu depois que os atletas haviam se revoltado com a manchete do Jornal da Globo após a estreia atleticana com o pé direito frente ao então campeão da Copa do Brasil. O telejornal anunciava: “Zebra vence Grêmio no início do Brasileirão”. Naquele momento, Alessandro comentou que o Furacão podia jogar de igual para igual e vencer qualquer equipe naquele campeonato.

E não foi para menos. Com uma campanha irretocável de 19 vitórias, seis empates e seis derrotas, o Furacão varreu o Brasil e levou o título de Campeão Brasileiro. Titular durante toda a campanha e uma das principais armas da equipe, suas boas atuações renderam convocação à Seleção Brasileira, que tinha Antônio Lopes na supervisão do futebol. Alessandro foi convocado em 2001 para a Copa América e ainda participou de algumas partidas das Eliminatórias para a Copa do Mundo do ano seguinte.

Mesmo com a convocação, Alessandro chegou a atravessar um período conturbado no clube e foi criticado por suas más atuações. Mas nunca se abalou. “Não sentia pressão de nenhum lado, pois desde que iniciei a minha carreira sempre teve pressão, ou seja, fui acostumado a jogar sob pressão”, disse.

Do Furacão, o lateral teve passagens pelo Atlético-MG, São Caetano e Botafogo. Após permanecer por quatro anos no clube carioca, Alessandro foi dispensado após o término do Campeonato Brasileiro, aos 34 anos. Confira abaixo a entrevista exclusiva que o lateral concedeu por email à Furacao.com:

Qual é a principal lembrança que você tem da conquista do título do Campeonato Brasileiro de 2001?
Da gente levantando a taça de Campeão Brasileiro e a torcida gritando “É Campeão”.

Quando foi que você se deu conta de que era possível ser campeão brasileiro? Qual e como foi este momento exato?
Quando ganhamos o jogo contra o São Paulo.

    

Você foi um jogador muito criticado pela torcida, que dizia que você não suportava a pressão e que jogava melhor até do lado do paredão, do que quando estava próximo da arquibancada. Você sentia mesmo esta pressão?
Não sentia pressão de nenhum lado, pois desde que iniciei a minha carreira sempre teve pressão, ou seja, fui acostumado a jogar sob pressão.

O nome “Atlético Paranaense” te remete a que sentimento?
O Atlético foi um clube muito importante para minha carreira, me fez aparecer na vitrine do futebol brasileiro e me levou à Seleção Brasileira. Só tenho boas lembranças deste clube que tenho com muito carinho.

Como era voltar a jogar na Baixada vestindo a camisa de outro clube, no caso o Botafogo, com quem você também tem hoje muita identificação?
Voltar a jogar na Baixada é bom, pois ali foi o palco de grandes emoções, mas vestindo a camisa de outro clube é complicado, pois temos que deixar o sentimento de carinho de lado e batalhar muito pelo time que visto a camisa.

Aquele Campeonato Brasileiro te colocou em evidência e te levou a vestir a camisa da Seleção Brasileira pela primeira vez. O que não deu
certo para você se firmar lá?

Muitas coisas, entre elas o mau momento da Seleção Brasileira e a falta de experiência.

A sensação que existe entre muitos torcedores é que ao sair para o eixo Rio-SP, muitos jogadores ‘esquecem’ de mencionar que chegaram a patamares maiores através de outro clube, às vezes menos expressivo. Por que isso acontece? Pode ser uma mágoa de uma saída talvez não como gostaria?
Comigo nunca aconteceu isso. Sempre frisei que o time que me fez crescer e aparecer como jogador foi o Atlético Paranaense. Então isso depende muito do jogador, da pessoa mesmo.

Costuma-se dizer que o troca-troca de treinadores impede muitas vezes que um clube conquiste uma competição como o Brasileirão. Você acredita que se não tivesse acontecido a saída do Mário Sérgio e a chegada do Geninho, a história teria sido a mesma?
Às vezes a troca do treinador é necessária para uma equipe, seja mudando o esquema tático ou a motivação do grupo, por exemplo. É difícil falar se a história seria a mesma com o Mário Sérgio. A verdade é que o Geninho chegou e tudo foi dando certo.

Para a final contra o São Caetano surgiu uma conversa de última hora sobre a possível ’compra’ da arbitragem para impedir que um clube fora de SP conquistasse o título. Isso chegou até vocês? Se sim, como foi a reação? Se não, você acredita que esta notícia teria influenciado os jogadores?
Não, de maneira alguma. Nós jogadores não podemos ser influenciados por boatos, temos que fazer o nosso trabalho dentro de campo que é o que mais importa.

Quando o Mário Sérgio deixou o time, ele acusou os jogadores de estarem abusando das noitadas. Até que ponto isso é verdade? Ele discutiu essa questão com o elenco?
Quando o time está indo bem e está em uma fase boa é normal que os jogadores saiam para comemorar uma vitória, mas isso não quer dizer que viviam na noite. Ele não falou nada com o grupo.

O time mudou a forma de jogar do Mário Sérgio para o Geninho?
Sim, o Geninho era mais ofensivo e o Mário Sérgio era mais defensivo.

Qual foi o grande segredo daquele time para chegar ao título?
A união e a vontade de ser campeão.

Qual foi o momento mais difícil daquela campanha?
O momento mais difícil foi quando nós perdemos para o Vasco por 4 a 0 no Rio de Janeiro.

O que representou o título na carreira e na vida?
Qualquer jogador sonha em ser Campeão Brasileiro e ir para a Seleção brasileira. Conquistar o título foi um sonho realizado e me abriu muitas portas, me fez crescer profissionalmente.

Qual foi a importância da Arena e da torcida nos jogos decisivos?
Todo time cresce jogando em casa e a torcida foi essencial para conseguirmos o título. A torcida fazia da Arena um Caldeirão e isso fazia cada jogador correr mais, ter mais vontade e mais raça.

Colaboração: Fernanda Disaró



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