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13 abr 2014 - 11h21

Crônica de uma morte anunciada

A curta participação do Atlético na Copa Libertadores deste ano, nos remete ao título do romance de Gabriel Garcia Márquez, Crônica de uma Morte Anunciada.

No magistral livro do escritor colombiano, um sujeito leva a vida despreocupadamente, sem saber que um assassinato era tramado contra ele. Chega a festejar na véspera com os seus algozes.

Da mesma forma que a protagonista do romance, o Atlético estimou muito mal sua participação no torneio continental e achou que passaria de fase sem que nada acontecesse, do modo como vinha se portando em relação ao torneio.Enganou-se redondamente.

Muito já foi dito nestes últimos dias, sobre as causas do fracasso atleticano na Libertadores. Tudo muito certo e coerente. Na minha opinião, para entendermos o que houve, temos antes que recuar um pouco no tempo, mais precisamente em meados do ano passado.

Naquela época, o Atlético recém iniciava o campeonato brasileiro e sua performance não deixava dúvidas de que seria um forte candidato ao rebaixamento. Veio o técnico Vagner Mancini, que conseguiu, com um elenco limitado, tirar ‘água da pedra’ e transformar o Atlético num time competitivo, mas sem perder humildade. Me lembro do Bruno Silva dizer numa entrevista, logo após um jogo na Vila Capanema, quando o time já dava mostras que iria galgar posições na tabela, que o importante era se livrarem do rebaixamento

Vágner Mancini montou um time sem grandes estrelas, mas de valentes operários, um time coeso, bem estruturado, que aproveitou as melhores características de cada jogador para o bem do grupo. Manoel e Luiz Alberto formaram uma excelente zaga, com o veterano zagueiro servindo de ponto de equilíbrio para o Manoel. Dois volantes marcadores, que tinham bom encaixe, João Paulo e Bruno Silva, uma ala direita muito forte, com Léo e Marcelo, no meio o futebol cadenciado e cerebral de Paulo Baier, aliado à velocidade de Éverton e na frente, o oportunismo e o futebol solidário de Éderson, que além dos gols, proporcionou boas assistências que resultaram em muitos gols.

O Atlético não só escapou do rebaixamento, como colecionou muitas vitórias e fez uma disputa particular contra o Grêmio e o Botafogo pelo segundo lugar da competição. Terminou em terceiro e ainda chegou à final da mais difícil Copa do Brasil de todos os tempos, pois agregou os times vindos da Libertadores.

Natural seria que para um torneio da importância de uma Libertadores o treinador fosse mantido, assim como os jogadores, e que houvesse até o reforço com a contratação de alguns jogadores para fortalecer ainda mais o time. Mas não foi o que aconteceu. O Atlético optou por um desmanche. Mancini e o preparador físico Moraci saíram, assim como jogadores fundamentais como Léo, Everton, Luiz Alberto, Dellatorre e Bruno Silva. Da dolorosa saída do Paulo Baier, é bom nem lembrar.

Trouxe um técnico estrangeiro desconhecido, que teve alguns meses para fazer uma preparação e montar um time. Já no jogo contra o Sporting Cristal em Lima dava perceber uma defesa mal postada e naquele jogo o Atlético poderia ter levado muitos gols, o que não aconteceu graças à falta de qualidade técnica do time peruano.

No jogo da volta, a classificação heroica pode ser creditada ao sobrenatural, já que em dois momentos cruciais quando tudo parecia perdido, o Atlético ressuscitou. Entrou na fase de grupos e a impressão era que suplantaria os rivais da Bolívia e do Peru e travaria uma disputa pelo primeiro lugar com o Vélez.

Não foi o que aconteceu. As vitórias contra o medíocre Universitário até deram algum alento e ilusionaram a todos. A dura realidade entretanto não demorou a aparecer e justamente no dia do aniversário de 90 anos do clube, quando os argentinos do Vélez não tomaram conhecimento do rival e se impuseram de forma categórica sobre um assustado Atlético.

Estava claro que o Atlético estava alguns degraus abaixo do time argentino, tecnicamente e taticamente., assim como abaixo de outros bons times da Libertadores.

Aqui começava a morrer o Atlético para a Libertadores.

E o pior é que a cartada final seria jogada em La Paz, na temível altitude de 3660 metros. O certo seria ter embarcado para a Bolívia no dia seguinte ao jogo do Vélez e lá iniciar uma preparação para o jogo decisivo. Preferiu usar o time para uma festa de inauguração de estádio, fazer alguns treinos no Brasil e chegar apenas na hora do jogo. Totalmente errado.

E a morte que já se anunciava aconteceu e tragicamente. 2 x 1 , para um time fraco tecnicamente,com os jogadores tontos em campo, sem pernas já a partir do final do primeiro tempo, dando mostras de fragilidade. Deu pena do time.

O Sr. Portugal tem sido um fiasco como técnico. Frio, não se manifesta durante o jogo, não motiva a equipe. Escala mal, substitui pior. Não deu padrão de jogo ao time. É uma figura apagada, sem carisma, que nada agrega. Nem ao menos a temporada como técnico do Bolívar deu a ele a capacidade para montar um time para trazer a classificação da Bolívia. E teve tempo de sobra para isso. E não pode se desculpar dizendo que não teve tempo.

O que esperar desse time para a sequência do ano? Sem jogar na sua casa por conta dos vândalos organizados, o técnico – e tomara que não seja mais o Sr. Portugal – terá de se virar com um elenco limitadíssimo. Mais uma vez o Atlético entra como azarão e candidato aos rebaixamento mesmo tendo jogado a Libertadores.

Só espero que a morte, anunciada e concretizada na Libertadores não se reinvente e nos pregue a pior das peças no final do ano. Para isso, a diretoria tem de agir rápido e bem. E ela sabe o que tem de fazer: técnico novo e contratação de jogadores que venham para resolver.



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