O Atlético dos nossos netos!
Este é definitivamente o Atlético dos nossos netos.
Nenhuma semelhança com o Furacão dos setentões (ou quase oitentões) como eu.
Amigos idosos (hic) lembram da Baixada da Buenos Aires? Aquele estadiosinho acanhado, mas muito gostoso, com aquele enorme portão de madeira, que seguidamente emperrava, dificultando a entrada ou a saída dos torcedores?
Na entrada, diversos carrinhos brancos com os ‘sorveteiros’ vendendo picolés dos mais variados sabores… aquela senhora rechonchuda, extremamente simpática, vendendo espetinhos e linguicinhas assadas… não, isso não existe mais!
Uma vez lá dentro, a torcida aguardava ansiosamente a entrada do nosso querido Rubro-Negro para a disputa de mais uma partida… aplausos frenéticos, uma alegria indescritível ao rever alguns ídolos. Damião, lembram dele? A dupla de área infernal Walter e Ivan, goleadores inesquecíveis.
Grandes jogos contra o Água-Verde, o Britânia, o Ferroviário, o Bloco Morguenau e, claro, contra o eterno rival do alto da glória!
As moças, sempre em pequenos grupos de três ou quatro, em pé, com os braços entrelaçados, enfeitavam e davam um charme especial ao espetáculo !
Os cavalheiros, torcedores da proximidade, tomavam muito cuidado com as palavras para evitar constrangê-las e até ruborizá-las.
Aliás, os únicos palavrões que se ouviam era quando, no auge da irritação, alguém xingava a mãe do juiz!
As torcidas não se engalfinhavam… nem contra a do adversário e muito menos entre os seus próprios membros!
Nas saídas dos jogos, ninguém agredia ninguém com pedaços de madeira, não se mutilava e muito menos se matava outra pessoa por causa de futebol.
As moças, dantes recatadas, hoje participam ativamente no festival de palavrões e indecências que se vê dentro dos estádios, durante os jogos.
Há algum tempo, juntamente com um dos meus netos, assistindo a uma partida entre Atlético e América/MG, fiquei espantado com o comportamento da torcida. Nós precisávamos vencer aquele jogo para conseguir o acesso para a primeira divisão do Brasileirão. Ao invés de cânticos e palavras de incentivo, a grande massa cantava ‘coxarada, fi…’
Comentei com o meu neto: “Por que este eco todo, ofendendo uma torcida que nem está aqui? Este jogo não é contra o Coritiba e sim contra os mineiros!!!”
Resposta: “Ah, vô… é o grito de guerra deles… é assim que eles se motivam e tentam incentivar os nossos jogadores!”
Dá para entender?
Eu não consigo. Por isso, meus amigos setentões ou oitentões, vamos deixar o Atlético para os nossos netos e bisnetos, que são jovens e entendem as coisas bem melhor do que nós!
Abraço a todos.