Cachorro Medroso, Identidade e Patinho Feio
Depois de algum tempo sem escrever aqui, decidi me manifestar após essa derrota histórica para o Bahia.
Estou no Nordeste. Digamos assim, o celeiro de grandes craques. Inclusive para o Atlético. E nesta região, pude sentir meu time jogar duas partidas (contra o Santa Cruz e agora contra o Bahia) de maneira esnobe. O pensamento que corre nas ‘mentes’ dos jogadores, comissão técnica e torcida é um só: Universidad Católica e Atlético em Santiago, Chile.
Confesso que após a vitória sobre o Flamengo, tive um leve pressentimento que dias difíceis viriam: final do paranaense contra nosso maior adversário, depois o San Lorenzo, etc…
Deu no que deu…
Essa ‘coisa’ psicológica que paira a minha mente atleticana é cruel. Jogos difíceis, decisivos, uma imprensa de olhos arregalados em ver nosso time tombar, já cantando a bola antes que os resultados aconteçam. E por fim, sempre acertam e tropeçamos.
E quando pensamentos negativos são emanados por pessoas que parecem querer ver nosso sofrimento, sejam por torcedores adversários ou imprensa bairrista, sei lá mais o quê… parece que em vez de pensarmos como um clube grande, como torcedores de clubes que perdendo ou ganhando, rindo ou sofrendo, sempre estão ali dizendo: eu amo meu time… que se dane o resto… vou ganhar, vou ver meu time ganhar, eu vou torcer, eu acredito, etc… nos agasalhamos com medo do frio! Agimos como um cachorro que nem late e nem morde.
Assim está o Atlético Paranaense, torcida e clube.
Ironicamente, me parece que só o Autuori assimila tudo isso com naturalidade. Não defendo ele. Apenas penso que ele tem a mente ‘dentro da casinha’, termo que o mesmo usa com frequência.
Desespero adianta? Não! O Atlético já se consolidou no Brasil e no mundo como um clube de grande expressão. Nos resta agora é confirmar e mostrar pra todos nossa identidade.
O jogo em Santiago será decisivo na Libertadores, porém, ganhando ou perdendo, ainda temos a Copa do Brasil, Brasileirão, e não podemos continuar assim, sofrendo como um cachorro medroso.
Observem, nós temos grandes jogadores. Nós temos um grande técnico. Uma bela administração e um grande clube. Mas ainda não temos uma identidade do novo Furacão que renasceu das cinzas em 1995.
Alimentar um sentimento de tristeza por derrotas frustantes é muito doloroso. Goleadas seguidas; perda de um título pro nosso rival que tem o Atlético como combustível pra sobreviver e agora essa angustiante sensação de que iremos levar mais uma sonora goleada em Santiago e voltaremos como o verdadeiro ‘patinho feio’.
Atlético e atleticanos, sabedoria e inteligência nessa hora é o que precisamos. Aos torcedores cabe apoiar. Ao clube cuidar e zelar de tudo (torcida e equipe) e o time obter uma mentalidade sonora. Nada de acreditar em ‘Papai Noel’ , nem em ‘Coelhinho da Páscoa’.
Nós estamos perdendo, mas não pros nossos adversários, mas pra nós mesmos. Nossas críticas e nosso descontentamento é que parece nunca ter fim.
Tudo pode mudar da noite para o dia. Mas precisamos nos identificar a todos e mostrar que temos um grande clube e uma grande torcida. Nossa identidade é registrada nas cores preto e vermelho. Somos nós que fazemos aqueles ‘onze’ dentro de campo mostrar raça, futebol e a cara.
Todo jogador tem um time de coração. Torce pra um clube desse Brasil varonil. Mas geralmente, sempre um jogador adquire amor por uma camisa do clube que joga quando observa na torcida uma identidade forte. Que na hora da derrota canta. Que nos intervalos de jogos apoia. O jogador quando observa o torcedor e vê que ele vive o futebol como uma paixão e não como uma saída para os seus problemas pessoais, sente na pele essa responsabilidade. O jogador sabe olhar pras arquibancadas e ver a identidade do torcedor e aí a camisa pesa.
Vamos assimilar isto com inteligência e torcer para o Atlético em 2017 de maneira diferente. Podem te certeza, resultados bons virão. Nossa identidade precisa estar dentro do coração e eles ( técnico e jogadores) vão perceber isso. Quem tem vergonha e boa índole não vai querer decepcionar.
E pra finalizar, que a diretoria também adquira essa mentalidade. Que tome atitudes rápidas, afinal, quando uma casa começa a pegar fogo, logo chamam os bombeiros.
Ainda não sinto cheiro de fumaça, nem sinal de fogo em nossa casa (Atlético). Mas vejo que estamos com medo de que tudo termine incendiado. Chega disso!
O Atlético irá bem esse ano, eu acredito, e mesmo angustiado… minha identidade atleticana me diz isto que no momento certo iremos viver dias de glória.
É isso… quando lapidarmos nossa identidade, deixaremos de ser considerados como um ‘patinho feio’.