Os donos do CAP
Onde estará agora o dono do CAP? Vomitando em cartas o seu proverbial ódio pelos torcedores do CAP? Admirando o vazio das cadeiras da Baixada livres dos torcedores do CAP? Arquitetando planos de marketing para afugentar os torcedores do CAP? Ameaçando os torcedores do CAP? Ou estará em seu escritório, oferecendo novas mercadorias a intermediários que enriquecem com o futebol? Ou será que prepara o anúncio do retorno de Rodriguinho? Ou será que vai promover Michel à condição de patrimônio eterno do clube?
Onde estava o dono do CAP logo após a bola beijar a trave no chute colocado de Danilo? O que disse na intimidade do seu camarote? Terá sofrido como nós, mortais rubro-negros? Não sei. Eu não sei onde estava, o que pensou e o que sentiu o dono do CAP na noite trágica de quinta-feira. Aliás, eu não sei quem é o dono do CAP. Eu não sei quem é a pessoa que trocou a emoção pelo dinheiro, a lucidez pela loucura, a paixão de um povo pela mentira sistemática. Eu não sei quem transformou o CAP em ilusão de progresso. Eu não sei quem é o dono do CAP. Eu não sei nem mesmo se o dono do CAP existe. Nem quero saber. Quero apenas que o espectro do dono do CAP desapareça e deixe que o Atlético, o Atlético de verdade, que é maior do que uma pessoa, que é maior do que todas as pessoas, que é maior do que tudo, siga o seu rumo de grandeza.
Fiquem sossegados os amigos do dono do CAP, os admiradores do dono do CAP: a história registrou, sim, os fatos pós-1995. Como registrou o que aconteceu depois de 2002. E o que aconteceu em 1924, e em 1949, e em 1958, e em 1968, e em 1970, e em 1982, e em 1983. Mas saibam, arautos da modernidade, que a história, com seu julgamento implacável, dirá que os donos do Atlético, que é Clube Atlético Paranaense, somos e seremos para sempre todos nós.